"A Ucrânia provavelmente justificaria isso dizendo que a ponte não é uma infraestrutura civil da Rússia. Ela está em um território que a Ucrânia considera dela, a Crimeia, e considera algo legítimo por causa disso, a partir do seu ponto de vista. Acho que eles não vão limitar [ataques] pelo que a Rússia considera como território russo", indicou.
"Sim, são no sentido de que são ataques à infraestrutura vital: de transporte, no caso da Crimeia, e de fornecimento, no caso dos gasodutos. Estão sendo atacadas, realmente, essas infraestruturas que têm importância vital e logística. Então isso é uma nova estratégia", notou. "Mas não se sabe se os EUA participaram ativamente ou ajudaram logisticamente."
"Tudo isso vai representando uma contraofensiva ao que havia sido, digamos, acordado nos pactos com os Estados Unidos, que os EUA não se intrometeriam e não participariam. Mas, diante dos movimentos mais recentes, dos plebiscitos e da definição da integração das outras áreas, haveria uma contrapartida [pelo lado ucraniano]", disse.
"São ações similares: ataque à infraestrutura. Também atende ao quesito alvo civil, porque o Nord Stream visa fornecimento de gás ao resto da Europa. Isso causa um impacto fundamental. Então existem similaridades. Atacar a infraestrutura também é uma forma de contra-atacar, de criar uma ofensiva, de criar algo em contrário", avaliou. "Muito provavelmente isso tem participação, no planejamento logístico e de inteligência, de gente ligada aos EUA e à OTAN. E não poder esquecer do básico disso tudo, que é o avanço indiscriminado da OTAN nessas regiões de segurança da Rússia, que sempre tiveram uma convivência dificultada por conta das relações históricas entre EUA e União Soviética, depois com a Rússia."
Escalada do conflito?
"O que ocorre a partir daí é uma tentativa de uma determinada oposição para tentar ou mudar a opinião pública interna ou mudar a opinião pública externa. Isso causa um impacto. A recomendação de alguns especialistas de que os EUA não deveriam se envolver nesse conflito é uma dica importante, uma boa coisa para não escalar. O que acontece também é que a arquitetura de resposta por parte dos EUA pode ser uma tônica para as próximas semanas", avaliou.
"Talvez esse debate tenha se perdido ao longo do caminho por conta da extensão do processo, mas, na prática, o elemento primordial disso tudo é a tentativa de extensão e a expansão efetiva da OTAN para as regiões, digamos assim, mais próximas no espaço de segurança geopolítica que a Rússia sempre considerou como sendo uma margem importante. A OTAN não deveria estar nesses espaços onde está querendo se posicionar. É nesse aspecto que você deve pensar na responsabilização por parte da OTAN, dos EUA, mas também por conta desse primeiro detalhe, que é fundamental para a precipitação disso tudo, que é o avanço da OTAN em regiões que fazem parte desse espaço de segurança que a Rússia sempre definiu e sempre teve presença. Inclusive porque a presença grande de cidadãos russos justifica, de alguma forma, algum tipo de intervenção. E consulta popular a essas regiões sustenta [...] a transferência dos territórios e de parte da população da Ucrânia para a Rússia."