Panorama internacional

ANC perde maioria absoluta do Parlamento da África do Sul pela 1ª vez em 30 anos

As eleições gerais da África do Sul, realizadas na última quarta-feira (29), ainda estão sendo apuradas. No entanto, com 90% dos votos o partido Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês) está, pela primeira vez em 30 anos, sem uma maioria absoluta no Parlamento.
Sputnik
Criado a partir da luta contra o apartheid, o Congresso Nacional Africano (ANC) está enfrentando um momento eleitoral crítico. Esta é a primeira vez desde o fim da divisão racial institucional da África do Sul que o partido não obtém uma maioria absoluta de representantes eleitos.
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Os resultados preliminares colocam o partido com aproximadamente 42% dos votos. Isto quer dizer que, embora tenha uma ampla maioria, o ANC precisará estabelecer coligações caso queira continuar no comando do país.
"O governo do ANC vai continuar, ainda que sobre uma coalizão", afirmou o dr. Oscar van Heerden, pesquisador sênior no Centro para Diplomacia e Liderança Africana da Universidade de Joanesburgo.

"O povo da África do Sul falou. Eles deram ao ANC, como partido do governo, um mandato menor, mas mesmo assim um mandato. Penso que [o ANC] vai ver as coisas sob essa luz."

Desde os anos 1990, o ANC tem sido uma força dominante na política sul-africana, governando com maioria absoluta desde 1994. Nas últimas eleições em 2019, por exemplo, ele obteve 57,5% dos votos.
Fundado em 1912, o partido foi proibido em 1960 sendo reinstituído apenas em 1990. Uma das suas maiores figuras foi Nelson Mandela que atuou como líder do partido entre 1991 e 1997.
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Um dos principais motivos da crise eleitoral que vive o partido é a cisão com o ex-presidente Jacob Zuma, que governou o país de 2009 a 2018. Expulso em seu último ano de governo em meio a alegações de corrupção, o político foi substituído pelo atual presidente Cyril Ramaphosa.
Em 2021, Zuma foi condenado a 15 meses por desafiar uma ordem da corte e não aparecer ao tribunal durante o julgamento. Na época, Ramaphosa concedeu um perdão presidencial a Zuma após três meses de prisão.
Ainda assim, Zuma decidiu criar um novo partido e concorrer contra o ANC. Sob a bandeira do uMkhonto we Sizwe (MK), ou A Lança da Nação, Zuma e seus correligionários alcançaram cerca de 13% dos votos.

"Nada necessariamente vai mudar. Tudo o que vai acontecer é que a África do Sul, como uma democracia madura, agora está entrando no domínio da política de coligação", afirmou o analista político van Heerden.

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