Muhannad al-Haj Ali confirmou, em entrevista à Sputnik, que "a Síria quer contar com aliados fortes, como a Rússia, que dão prioridade à vertente política sobre a ação militar", alertando "para a perigosa situação de segurança na Síria como resultado da presença de bases norte-americanas ilegais".
Segundo ele, "o povo sírio tem o direito de recorrer à luta armada para expulsar os ocupantes, de acordo com o artigo 51 da Carta das Nações Unidas".
O ex-deputado ressaltou que "as forças presentes naquela região são ilegais, pois a invadiram pela força das armas sem serem eleitas pelo povo sírio" e avaliou como negativa a presença dos EUA na região.
"O papel norte-americano na Síria é muito negativo. Os norte-americanos querem roubar petróleo, gás e gastar dinheiro para reunir células terroristas sob a estrutura de uma facção."
O comandante afirma, inclusive, que "Washington quer reproduzir e gerar a organização terrorista ISIS [sigla em inglês para Estado Islâmico do Iraque e da Síria, proibido na Rússia] na Síria, depois de não ter conseguido reviver a Frente Al-Nusra [antigo nome para Frente Fatah al-Sham, organização terrorista também proibida na Rússia] na província de Idlib, nordeste [da Síria]."
No entanto, a investida, conforme o comandante, tem tudo para fracassar. "O povo sírio não aceitará a presença de uma força militar alternativa ao seu Exército. O terrorismo recebeu golpes dolorosos do Exército Árabe Sírio em cooperação com as forças russas."
Em relação às negociações que decorreram entre a Síria e a Turquia, mediadas pela Rússia, na base aérea de Khmeimim, na cidade de Latakia, al-Haj Ali confirmou "a existência de uma iniciativa russa positiva que visa aproximar os pontos de vista entre Damasco e Ancara e unificar os pontos comuns para resolver as questões controversas entre eles".
Ele afirma que "a Síria leva em consideração as iniciativas russas, especialmente desde que os turcos começaram a responder a essas iniciativas, devido ao seu sentimento de ameaça em relação ao terrorismo que ameaça a segurança nacional".
Quanto à reação norte-americana a essas negociações, al-Haj Ali reiterou que "Washington vê a reaproximação turco-síria com suspeita e está tentando arduamente ameaçar Ancara com sanções".
O comandante destacou também que "as eleições curdas que serão realizadas no nordeste da Síria não serão legítimas, pois o governo sírio não as aprovou, uma vez que violam a Constituição".
De acordo com ele, "quaisquer eleições realizadas na Síria sem o patrocínio direto do governo não terão legitimidade", acrescentando que "o lado turco não deve usar essas eleições para pressionar Damasco".
Ele, inclusive, expressou seu receio de que "as iniciativas turcas sejam novas manobras do presidente Recep Tayyip Erdogan, numa tentativa de se rebelar contra os norte-americanos e levar a cabo uma nova operação militar no nordeste da Síria".
"Quando a Síria obtiver garantias suficientes do lado turco, então será possível falar sobre a retirada completa de Ancara das suas forças do território sírio", ponderou.
Anteriormente, um jornal turco citou fontes dizendo que duas delegações militares sírias e turcas, com mediação russa, conduziram negociações na base aérea de Khmeimim, e que a próxima reunião deverá acontecer em Bagdá, capital do Iraque.
Conforme as informações obtidas pelo jornal junto a fontes próximas ao governo sírio, as negociações entre os dois países, travadas há algum tempo, foram retomadas.