Segundo o Financial Times (FT), a Olam Agri, um dos maiores comerciantes mundiais de matérias-primas agrícolas com sede em Cingapura, afirmou que o mundo caminha para um cenário de "guerras alimentares", à medida que as tensões geopolíticas e as alterações climáticas empurram os países para conflitos devido à diminuição da oferta.
"Lutamos muitas guerras pelo petróleo. Lutaremos guerras maiores por comida e água", disse o presidente-executivo da Olam Agri, Sunny Verghese, durante a conferência de consumidores de Redburn Atlantic e Rothschild.
Segundo Verghese, as barreiras comerciais impostas pelos governos que procuram reforçar as reservas alimentares nacionais exacerbaram a inflação alimentar.
De acordo com a argumentação do presidente, os países mais ricos estavam acumulando excedentes de produtos estratégicos, levando a uma demanda exagerada e, por sua vez, a preços mais elevados. "Índia, China, todo mundo tem estoques de proteção", disse. "Isso só está agravando o problema global."
Os preços dos alimentos começaram a subir na sequência da pandemia de COVID-19 e dispararam após o início da operação militar especial russa em resposta à agressão ucraniana em Donbass, à medida que algumas exportações de cereais e fertilizantes foram bloqueadas pelo conflito e pelas sanções ocidentais, o que aprofundou a insegurança alimentar nos países mais pobres.
Agora, em um cenário de crise climática, a produção agrícola a nível mundial foi afetada, fazendo com que os governos recorram cada vez mais a políticas protecionistas.
Ao abordar o impacto das alterações climáticas nos rendimentos globais, Verghese apelou à reunião de executivos da indústria de consumo, incluindo os chefes de grandes empresas como a Coca-Cola e a Associated British Foods, para "acordarem" e tomarem mais medidas em relação às alterações climáticas.
Ainda segundo a apuração, Verghese afirma que, enquanto o carbono for gratuito, a poluição seguirá indiscriminadamente, razão pela qual os governos deveriam cobrar um imposto sobre ele.