"Num mundo globalizado, não faz sentido recorrer ao nacionalismo arcaico e isolacionista; também não há justificação para resgatar experiências ultraliberais que apenas agravaram as desigualdades na nossa região", afirmou.
No discurso, ele não citou diretamente o presidente argentino, Javier Milei — que não participa da cúpula de chefes de Estado, realizada em Assunção, no Paraguai —, embora suas palavras possam ser interpretadas como uma referência às políticas que estão sendo aplicadas por Buenos Aires.
"Os bons economistas sabem que o mercado livre não é uma panaceia para a humanidade", disse Lula, que afirmou ainda que quem conhece a história da América Latina reconhece o valor do Estado "como planejador e indutor do desenvolvimento".
O presidente brasileiro também lamentou a divisão interna do Mercosul nos últimos anos e defendeu o grupo como fórmula para que os países da região tenham presença no mundo.
"Nos últimos anos, permitimos que conflitos e disputas, muitas vezes estranhos à região, substituíssem a nossa vocação de paz e cooperação; somos mais uma vez uma região balcanizada e dividida, que olha mais para fora do que para si mesma", criticou.
Lula também condenou a recente tentativa de golpe na Bolívia, manifestou seu apoio ao presidente Luis Arce e traçou paralelos entre o que aconteceu em La Paz e o que foi vivido em Brasília em 8 de janeiro de 2023. "A reação unânime ao 26 de junho na Bolívia e ao 8 de janeiro no Brasil mostra que não há atalhos para a democracia em nossa região, mas devemos estar atentos."
O presidente brasileiro comemorou a adesão plena da Bolívia ao Mercosul, que na sua opinião tem "enorme valor estratégico", e defendeu encontrar caminhos para que os benefícios da transformação de minerais para a indústria de baterias e semicondutores permaneçam nos países da região.
Lula também defendeu a continuidade das negociações para um acordo de livre comércio com a China e para que os pagamentos possam ser feitos em moeda local nas transações do bloco.
Por fim, sobre o acordo comercial com a União Europeia, frustrado após quase duas décadas de negociações, Lula culpou os países europeus, que não souberam resolver suas contradições internas.