O primeiro-ministro da Índia viajou à Rússia para um encontro bilateral com Vladimir Putin entre 8 e 9 de julho. Após as negociações, Modi descreveu a reunião como "frutífera" e com caminhos para avançar em muitos setores.
"A viagem de [Narendra] Modi quebra o mito de que Vladimir Putin e a Rússia estão completamente isolados em termos diplomáticos", afirma o especialista ao lembrar que o indiano é o chefe de Estado com "o mais alto nível de aceitação do mundo", pois lidera "a maior democracia em termos brutos".
Além disso, López Almejo recorda o recente encontro entre o presidente russo e o presidente chinês Xi Jinping, "o presidente do país economicamente mais dinâmico do mundo. Isso mostra que [o isolamento da Rússia] não existe."
Para o especialista, "Washington está reunindo uma equipe de adversários para cercar [Pequim], chamada Quad, composta por nações como o Reino Unido, a Austrália e o Japão, com a qual os Estados Unidos aproveitam as divisões da região e procuram mais divisão, mas, com essa visita, a Índia mostra que não está próxima do Ocidente".
O encontro de Narendra Modi com Vladimir Putin ocorre depois de o presidente russo ter visitado países como a China e a Coreia do Norte, onde assinou acordos de cooperação estratégica. Além disso, Putin também teve uma reunião recente com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, que critica frequentemente a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) pelo apoio militar multimilionário que oferece à Ucrânia em detrimento da segurança europeia.
Nesta semana, a Aliança Atlântica realiza uma cúpula em Washington para definir um plano de apoio sustentado a Kiev, em um momento em que as forças russas dominam as linhas da frente na Ucrânia.
Em entrevista à Sputnik, o internacionalista e especialista em Negociações de Política Externa, Rubén Ramos Muñoz, salienta que será vital rever quais serão os comentários da aliança sobre o encontro entre Modi e Putin.
"[Na cúpula] as sanções contra a Rússia serão certamente reforçadas. No entanto, este mecanismo fez com que Putin fortalecesse os seus laços comerciais, políticos e militares com parceiros da região, pelo que essas [restrições] são praticamente estéreis", ressaltou.
Ramos Muñoz lembrou ainda, que a busca pelo diálogo para pôr fim ao conflito na Ucrânia é um tema que tem aparecido constantemente em diversos fóruns internacionais. Neste sentido, o especialista lembra que Nova Deli promove a paz, mas ao mesmo tempo quer manter um bom relacionamento com Moscou, com quem compartilha espaço no bloco BRICS e uma série de relações de cooperação.
"Não esqueçamos que até 70% das armas que o Exército indiano possui são de origem russa e que as relações com Moscou continuaram a se fortalecer", menciona Ramos Muñoz.
Segundo López Almejo, a Rússia desempenha "uma posição ambivalente, mas duplamente benéfica para a Índia": por um lado, é fornecedora de armas; por outro lado, é um "harmonizador" das relações da Índia com a China e o Paquistão, países com os quais Nova Deli mantém diversas diferenças geopolíticas, conclui o especialista.