De acordo com o Financial Times (FT), um alto oficial militar taiwanês informou que "desta vez, estamos treinando a capacidade de pequenas unidades operarem no caso de serem isoladas do comando superior", visando se adaptar a diferentes situações no caso de um conflito na região.
Desde 1984, as manobras Han Kuang têm sido o culminar do ciclo anual de treino militar de Taiwan. Com exercícios de mesa e simulações de computador para comandantes no início do ano, julho tem sido tradicionalmente reservado para uma semana de atividades práticas intensas.
Embora estes sejam objetivos padrão para a maioria das forças armadas modernas, o exercício de cinco dias, que começa na segunda-feira (22), marca uma mudança revolucionária: segundo analistas de defesa, esta será a primeira vez que a simulação será levada muito a sério.
O exercício ocorre em meio a tensões crescentes na região. A China já alertou repetidas vezes que os separatistas que defendem a "independência de Taiwan" estão fadados à derrota diante do Exército de Libertação Popular (ELP). Por esta razão, o ELP tem aumentado as operações perto da ilha, incluindo a utilização de um número recorde de aeronaves perto de Taiwan este mês.
De acordo com especialistas ouvidos pela apuração da FT, as mudanças propostas neste exercício rompem com uma abordagem vista com muito hierárquica e rígida dos militares de Taiwan, trazendo elementos que estimulam a tomada de decisão em tempo real com base nos desafios que se apresentam no campo de batalha. Esta tática de guerra assimétrica visa explorar as fraquezas de um inimigo militarmente superior com recursos mais numerosos e móveis.
Há anos que os EUA pressionam Taiwan a adotar a assimetria, mas os esforços nesse sentido, liderados pelo antigo chefe do Estado-Maior de Taiwan, almirante Lee Hsi-min, foram abandonados após a sua reforma em 2019.
Mas nada disso seria possível se os EUA não estivessem deliberadamente rompendo com entendimentos políticos anteriores, como o princípio de Uma Só China, no qual Washington reconhece a ilha como parte de Pequim. Ao contrário, Washington tem ampliado cada vez mais seus laços com o governo da ilha de forma unilateral, em oposição à postura chinesa, apesar dos inúmeros alertas da República Popular.
Ainda assim, analistas têm chamado a atenção para a inferioridade da prontidão taiwanesa em comparação com a do Exército chinês no caso de um conflito real, o que tornaria a defesa da ilha extremamente dependente de um apoio exterior dos EUA.