Panorama internacional

Especialistas alertam: aumento de custos com fretes marítimos pode impactar inflação na Europa

Após a intensificação dos ataques dos houthis a navios no mar Vermelho, o custo do transporte de um contêiner de 12 metros entre a Ásia e o norte da Europa mais do que duplicou desde abril, passando de US$ 3.223 (R$ 18.050) para US$ 8.461 (R$ 47.385), segundo uma plataforma de dados de transporte marítimo.
Sputnik
De acordo com o Financial Times (FT), economistas afirmam que o aumento dos custos de transporte marítimo pode impactar a inflação e abrandar o ritmo dos cortes nas taxas de juro na Europa, algo subestimado por investidores e políticos. Como resultado, o custo acabará por ser repassado aos consumidores.
Embora em princípio os decisores políticos estejam otimistas quanto ao aumento dos preços dos bens, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, considerou em meados de julho que o agravamento das tensões geopolíticas constitui um risco para a inflação, uma vez que poderia "aumentar os preços da energia e dos fretes no curto prazo."
Alguns economistas também deram o alarme. Assim, os analistas do banco de investimento Nomura veem poucas perspectivas imediatas de diminuição dos custos de transporte, dadas as atuais tensões no mar Vermelho, possíveis ataques nos portos dos EUA e da Alemanha, bem como os baixos níveis de água no canal do Panamá, relata o FT.
De acordo com o economista da Nomura, Andrzej Szczepaniak, os custos dos transportes poderão acrescentar entre 0,3% e 0,4% à inflação do Reino Unido e da zona do euro até ao final de 2025, mesmo que se estabilizem nos níveis atuais e depois diminuam gradualmente. Neste contexto, Szczepaniak sugeriu que as empresas estão mais propensas a repassar esses custos aos consumidores. A sua opinião é partilhada pelo economista-chefe da Fitch Ratings, Brian Coulton, que espera um efeito semelhante e acredita que os investidores não estão prestando atenção suficiente ao risco de os bancos centrais terem de adiar os cortes nas taxas de juro.
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"Os agentes de mercado ficaram bastante calmos com a estabilização dos preços das commodities.[...] Penso que [os atrasos nos cortes das taxas de juros] são uma importante 'mosca na sopa' dessa narrativa", argumentou.
Por outro lado, Claus Vistesen, da consultora Pantheon Macroeconomics, garante que não há dúvidas de que, se continuar, o aumento dos custos de transporte "se refletirá em algum momento nos preços ao consumidor", mas só depois de acabarem os sinais de alerta em pesquisas e nos preços à saída da fábrica, que não incluem impostos.
No entanto, Simon French, economista-chefe do banco de investimento Panmure Liberum, prevê que mesmo uma recuperação relativamente pequena nos preços dos bens poderá ser motivo de preocupação para os bancos centrais e um possível freio à flexibilização monetária.
"Os bancos centrais estabeleceram um caminho de flexibilização que se baseia na inflação moderada dos bens. [...] As taxas de frete nos níveis atuais podem inviabilizar isso. O mercado ainda não assimilou", concluiu o especialista à FT.
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