Chefes de bancos centrais europeus alertam sobre riscos econômicos na zona do euro, diz mídia
06:15 04.07.2024 (atualizado: 06:48 04.07.2024)
© AFP 2023 / Aris MessinisZona do euro
© AFP 2023 / Aris Messinis
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Os chefes dos bancos centrais europeus alertaram que riscos, incluindo tensões comerciais com EUA e China e elevada dívida pública, estão se acumulando na medida em que a política toma "uma direção mais populista, protecionista e turbulenta" na Europa.
De acordo com o Financial Times (FT), a queda da inflação e a recuperação do crescimento na zona do euro foram ofuscadas pela vitória do partido eurocético de direita de Marine Le Pen no primeiro turno das eleições parlamentares francesas.
Embora os líderes da condução econômica da União Europeia (UE), em sua conferência anual do Banco Central Europeu (BCE) que aconteceu em um hotel de luxo em Sintra, em Portugal, tenham afirmado que ainda é cedo para especular algum tipo de intervenção na economia para lidar com as dívidas decorrentes dos cortes de impostos, viu as eleições francesas como um sinal de uma mudança mais ampla no panorama político da região.
Os investidores têm especulado que as eleições francesas podem acabar desencadeando uma liquidação no mercado obrigacionista que fará com que o BCE intervenha com o seu novo, mas não testado, esquema de compra de dívida que visa proteger o mercado das diferenças entre a "realidade da governança e a campanha política" nos gastos públicos, lembrando-se do fracasso que foi a gestão de Liz Truss no Reino Unido.
Os responsáveis pela fixação das taxas concordaram, em geral, que a inflação estava caminhando na direção certa — apoiada por dados divulgados na terça-feira (2) que mostravam que a inflação na zona do euro tinha retomado a sua trajetória descendente para 2,5% ao ano até junho, após uma breve subida para 2,6% em maio — o que deixa a taxa de juros basicamente inalterada. Apesar disso, a taxa de desemprego permaneceu com alta recorde, impulsionando o crescimento salarial no mercado de trabalho e pressionando a inflação acima de 4% no setor dos serviços.
O presidente do Banco Central de Portugal, Mário Centeno, expressou a sua frustração com o recente aumento do apoio aos partidos políticos populistas e eurocéticos que se opõem a uma integração europeia mais estreita. Para ele, o "paradoxo" segue na contramão do que foram as medidas sem precedentes que protegeram empregos, impediram a falência de empresas e evitaram uma crise financeira europeia após a pandemia de COVID-19.
Ainda segundo a apuração, para além dos problemas políticos da região, o presidente do Banco Central da Bélgica, Pierre Wunsch, alertou ainda para o fato de que os EUA e a China estavam "roubando a Europa com subsídios e tarifas em sua guerra comercial".
"Estamos caminhando para um mundo que é mais disruptivo e muito mais transacional e isso é problemático para a Europa", alertou o economista, afirmando que "não temos uma narrativa clara para propor às pessoas".
O economista-chefe da Goldman Sachs, Jan Hatzius, disse ainda que a promessa do ex-presidente e atual candidato à presidência dos EUA, Donald Trump, de aumentar as tarifas sobre as importações provenientes da UE em 10% afetaria desproporcionalmente a economia da zona do euro — prevendo que a medida reduziria 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do bloco, e apenas 0,1% do PIB dos EUA.