De acordo com o jornal O Globo, membros do governo em Brasília ficaram especialmente irritados com a fala de Maduro, uma vez que as declarações se aproximam de críticas feitas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral do país.
"Para integrantes do governo, a declaração afetou uma das bandeiras mais caras para o Brasil e toda a América Latina: a democracia", relata a mídia.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do Brasil também respondeu nesta quarta-feira (24) às falas de Maduro e disse que o boletim emitido pelas urnas eletrônicas brasileiras é um "relatório totalmente auditável".
Outra provocação de Maduro foi em resposta à preocupação expressa pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse ter ficado "assustado" com a ameaça feita pelo venezuelano de um possível "banho de sangue" nas eleições.
"Fiquei assustado com as declarações de Maduro de que, se perder as eleições, haverá um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de votos, não de sangue", disse o líder brasileiro.
Lula acrescentou que os venezuelanos "que elejam os presidentes que quiserem", ressaltando que o país não tem contenciosos pelo mundo e que "o Brasil tem que gostar de todo mundo". Sem citar o nome do presidente brasileiro, Maduro reagiu e sugeriu que quem estiver se sentindo assim "que tome um chá de camomila".
Contudo, o jornal afirma que o Itamaraty não vai responder às provocações, por considerar que não é momento de bater boca com Maduro às vésperas das eleições de domingo (28).
Em avaliação interna, mais importante é evitar um confronto direto que possa, de alguma forma, atrapalhar o que se espera de um processo democrático no país vizinho.
Na segunda-feira (22), Lula anunciou que enviaria o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, para acompanhar as eleições venezuelanas.
O petista tem defendido o respeito pelo que foi acordado em Barbados, documento assinado no país que garante a plena participação da oposição e resultados reconhecidos por todos.