Operação militar especial russa

Por que a Ucrânia começa a falar de paz?

A recente declaração de intenção de Vladimir Zelensky de "preparar uma base real" para acabar com o conflito ucraniano é o produto dos apoiadores ocidentais de Kiev perceberem que seu plano de lutar contra a Rússia "até o último ucraniano" não é mais viável, disse Anatoly Matviychuk, veterano das Forças Armadas russas, à Sputnik.
Sputnik
Pode ser uma manobra, embora Kiev possa de fato pressionar por uma trégua. Atualmente, a Ucrânia não tem intenção de resolver o conflito de maneira permanente, alerta o coronel aposentado.

"É claro que é um estratagema", responde Matviychuk. "Há a questão dos carregamentos de F-16. Há até rumores de que eles já apareceram na Ucrânia. Os carregamentos de armas suficientemente poderosas do Reino Unido e da França. A mudança do sistema de treinamento de pessoal militar, a transição para os padrões da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte]. Tudo isso mostra que a Ucrânia não quer paz, não quer ser um Estado neutro. A Ucrânia quer ser uma potência regional com um tom a mais: isso deve ameaçar a Rússia."

À medida que as forças russas continuam a romper as defesas ucranianas e a avançar, a liderança ucraniana agora quer desesperadamente evitar o cenário em que acabam assistindo à bandeira russa sendo hasteada sobre Kiev.
Assim, Matviychuk argumenta que a melhor opção para eles pode ser assinar um tratado de paz para "recuperar, restaurar sua capacidade militar e, talvez, o potencial econômico, garantir o apoio da OTAN, reviver seu exército e treinar novos militares, com as consequências decorrentes".
De acordo com o analista militar, Kiev busca uma alternativa à chamada "fórmula da paz" de Zelensky — que, na verdade, nada mais é do que um ultimato à Rússia — e pode até concordar em fazer concessões territoriais a Moscou, possivelmente reconhecendo a soberania da Rússia sobre as regiões de Kherson e Zaporozhie, bem como sobre a República Popular de Donetsk (RPD) e a República Popular de Lugansk (RPL).
Dito isso, a nova "fórmula da paz" quase certamente seria preparada por Kiev com uma futura "revanche" contra a Rússia em mente, aponta o analista.
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Em junho, o presidente russo, Vladimir Putin, delineou uma proposta que ele afirma que pode finalmente resolver o conflito ucraniano.
Sob os indicadores da iniciativa de Putin, as forças ucranianas devem ser retiradas da RPD e da RPL, bem como das regiões de Kherson e Zaporozhie — todas essas quatro regiões devem ser reconhecidas como território da Rússia.
A proposta também prevê que a Ucrânia deve se tornar um Estado neutro, não nuclear, um Estado que não faz parte de nenhum bloco, e todas as sanções impostas pelos EUA e seus aliados à Rússia devem ser removidas.
Embora Kiev e seus patrocinadores ocidentais tenham rejeitado a proposta da Rússia, Putin considerou sua reação previsível, mas sugeriu que esse "niilismo" não pode continuar para sempre. O presidente russo observou que sua proposta permanece na mesa, mas cabe a outras partes interessadas decidir quando começar as negociações.
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O apelo repentino do chefe ucraniano para estabelecer as bases, a fim de acabar com o conflito ucraniano, acontece enquanto a Ucrânia se equilibra à beira de uma grande revolta social, observa o analista militar russo Anatoly Matviychuk.
"Não há apenas os radicais que se opõem a Zelensky — praticamente toda a população da Ucrânia é contra Zelensky", diz Matviychuk, apontando para um número crescente de centros de recrutamento militar ucranianos sendo incendiados pelos moradores locais em resposta às táticas brutais de recrutamento de Kiev.

"Portanto, se a situação na linha de frente não for resolvida, se esse massacre — um massacre terrível que já se tornou crítico para o povo da Ucrânia — não for interrompido, então a Ucrânia acabará não apenas com uma guerra, mas com uma guerra civil em suas mãos", alerta o veterano das Forças Armadas da Rússia.

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Segundo ele, os manipuladores ocidentais de Zelensky provavelmente chegaram às mesmas conclusões e o aconselharam a pedir paz para que o próprio Zelensky mantivesse o poder e permanecesse vivo.
Matviychuk também sugere que a crise atual no Oriente Médio não faz nenhum favor à Ucrânia, já que os patrocinadores ocidentais de Kiev agora direcionam todos os seus recursos para o teatro do Oriente Médio.

"Não se espera nenhuma esmola para a Ucrânia em breve, eu acho, mesmo até as eleições", diz, referindo-se à próxima eleição presidencial nos EUA.

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