'Químico do PCC': como fica a situação do Brasil no meio dessa disputa?
"A celeuma será dirimida pela legislação infraconstitucional e pelos tratados de cooperação entre os países, e a decisão final do Brasil deverá ser respeitada de acordo com o princípio da soberania", disse ele. "Evidentemente, não se pode excluir o custo político e diplomático da decisão seja quanto ao pedido formulado pelo Paraguai — parceiro estratégico do Brasil na Região e no Mercosul — ou com relação à Turquia."
"O Brasil tanto extradita para que o sujeito seja processado e julgado quanto extradita para cumprir pena. E a lei brasileira não hierarquiza, não gera uma preferência de uma espécie para outra", disse ele.
"Ao que me parece, no Paraguai houve o crime mais grave, porque foi tráfico. O Paraguai pediu primeiro a extradição. Completando, o Paraguai é do Mercosul, então você tem um acordo de cooperação, uma cooperação mais próxima nesse sentido. Portanto, imagino que o mais provável é que haja extradição para o Paraguai, mas, enfim, como é artigo de soberania, tem que ver o que acontece", ponderou.
"Uç buscava refúgio no Brasil e foi acusado na Turquia de envolvimento com o movimento Hizmet, que é conexo ao Hezbollah e considerado pela Turquia como uma organização terrorista […]. Ele afirma categoricamente que, se retornar ao país de origem, pode ser preso ou até mesmo sofrer tortura por perseguição política", comentou. "E diz-se que o Paraguai está atuando em colaboração com a Turquia."
"O Brasil deve avaliar onde Eray Uç terá um julgamento mais justo e onde os seus direitos humanos serão respeitados", acrescentou ele.
Consequências para o Brasil se negar a extraditar membro turco do PCC
"A decisão do Brasil, qualquer que seja ela, terá implicações diplomáticas. Isso porque, se o Brasil negar a extradição para a Turquia, pode gerar tensões com o governo turco. Por outro lado, se o Brasil se recusar a extraditá-lo para o Paraguai, isso pode afetar as relações bilaterais no Mercosul. Uma possível alternativa seria o Brasil conceder asilo político", declarou Malheiro.
"A verdade é que, seja qual for a decisão do Brasil, ela estará respaldada juridicamente, tendo em vista a existência de processo e condenação do indivíduo em nosso país, que resguarda a negativa de extradição", completou.