Perdendo influência em toda a África, os Estados Unidos têm tentado impedir os ganhos da Rússia no continente africano. Um desses esforços está supostamente acontecendo na República Centro-Africana (RCA).
A empresa militar privada Bancroft, sediada e patrocinada por Washington, gastou US$ 1,4 milhão (cerca de R$ 7,9 milhões) para se firmar na RCA, onde a Rússia é "o parceiro de segurança de escolha", disse uma reportagem da AP.
A empresa instalou um de seus funcionários em um hotel na capital da RCA, Bangui, no ano passado, para "esperar pela reação da Rússia", disse o fundador da Bancroft, Michael Stock, à mídia.
"[...] para nosso único funcionário em Bangui, escolhemos um falante de russo, que foi encarregado de não fazer nada além de ficar sentado no jardim do hotel lendo um livro o dia todo, esperando que os russos mostrassem se queriam ser cooperativos, hostis ou nos ignorar", teria dito Stock.
Várias semanas depois, o funcionário teria sido detido, interrogado pelas forças russas e posteriormente liberado.
Stock alegou que Bancroft entrou no país no outono passado a pedido de Bangui e tem cerca de 30 funcionários na República Centro-Africana. O Departamento de Estado dos EUA rejeitou as alegações de que estava envolvido na decisão.
Os EUA ficaram abalados com os laços crescentes de Moscou com nações africanas que têm se livrado da influência ocidental e expulsado tropas francesas e norte-americanas, como no Níger ou no Chade. O Departamento de Estado usa contratados privados na África e supervisiona o trabalho da Bancroft na Somália, disse uma autoridade dos EUA à publicação.
A Rússia está em negociações com a RCA sobre o estabelecimento de uma base militar por lá para melhorar a segurança do país, disse o embaixador russo em Bangui, Aleksandr Bikantov, à Sputnik, em julho. No início do ano, ele afirmou que a presença da Bancroft não teve efeito na cooperação com instrutores russos.
Bikantov acrescentou que "as autoridades da RCA apreciam a contribuição dos russos para estabilizar a situação de segurança no país", acrescentando que "Bangui se manifestou a favor do aumento do número de representantes russos em diferentes momentos".