"Nesse momento a Turquia também tem outro projeto político próprio […]. De certa forma, o país tenta se voltar para a lógica da globalização, em um processo de mundialização da economia. Temos que lembrar que o país está em uma zona de passagem, entre Ásia e Europa, e a maior cidade dela [Istambul] está inserida nos dois continentes ao mesmo tempo. Além disso, é um país muçulmano, mas não do islã árabe; é um islã com características próprias. Sempre teve mais contato com a Europa do que com os países árabes, já que também era o centro do Império Otomano", enfatiza.
Qual a relação entre Brasil e Turquia?
"O presidente Lula busca manter boas relações com todos os presidentes, independentemente do que os nossos grandes parceiros dos Estados Unidos vão pensar. Tanto que nós tivemos boas aproximações com o Irã, e independentes das opiniões internacionais. Essa aproximação com a Turquia está sendo interessante porque foi criado um centro de estudos latino-americanos através dessas maiores proximidades entre ambos os presidentes. Isso é importante para essa troca cultural, essa troca de aprendizados científica e tudo mais. Nós tivemos também um maior número de embaixadas e consulados por vontade da Turquia. Então ambos os países estão promovendo esse fortalecimento diplomático. Passamos a ter voos diretos entre Turquia e Brasil", resume.
Quais são as consequências da islamofobia?
"Existem outras questões, como diferenças comportamentais. Aqui na América Latina, temos uma tendência a sermos cada vez mais flexíveis. No caso da Turquia não é assim, são muito mais rígidos com relação a prazos e metas. Então isso pode ser uma inconveniência também nas relações entre as empresas. Outro desafio que pode estar dificultando é que a Turquia quer segurança nas suas relações comerciais e, por isso, é um pouco resistente a acordos de livre comércio. E aqui na América Latina, uma das formas de a Turquia se aproximar mais das nossas empresas seria através desses acordos", finaliza.