Panorama internacional

Rússia deve fazer que BRICS não se empaque, pois tem um enorme potencial, diz especialista

O potencial do BRICS é enorme, e precisamos definir objetivos específicos de desenvolvimento para a associação, mas não se deve abrir a porta do BRICS para todos sem pré-requisitos, acredita Albert Bakhtizin, diretor do Instituto Central de Economia e Matemática da Academia de Ciências da Rússia.
Sputnik
O BRICS é uma associação interestatal criada em 2006. A Rússia assumiu a presidência do BRICS em 1º de janeiro de 2024.
O ano começou com a entrada de novos membros na associação: além de Rússia, Brasil, Índia, China e África do Sul, o BRICS agora inclui Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.
O principal evento deste ano vai ser a cúpula do BRICS com a participação de chefes de Estado em Kazan de 22 a 24 de outubro.

Fila do BRICS: quem será o próximo a entrar?

Os participantes do BRICS, embora sejam muito diferentes, têm uma percepção comum sobre os problemas do sistema mundial atual: aumento das dívidas e desequilíbrios comerciais e financeiros que precisam ser resolvidos, disse Bakhtizin.

"Como o principal devedor do planeta, os EUA, tradicionalmente resolve esses problemas às custas de outros Estados, criando novos focos de tensão, o desejo natural da outra parte do mundo é se unir, por exemplo, com base no polo emergente da política global liderado pela China", explicou.

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Porém, o especialista russo admitiu que, desde a entrada dos novos parceiros em 1º de janeiro de 2024, a associação ainda não formulou seus objetivos específicos e seu vetor de desenvolvimento.
"Se o bloco está se posicionando como um contrapeso ao modelo ocidental de desenvolvimento mundial, é preciso pelo menos entender qual é a essência da alternativa", enfatizou Bakhtizin.
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Ele sublinhou que na próxima cúpula em Kazan o BRICS deve definir não apenas os critérios de adoção de novos membros, mas também as vantagens que a associação lhes oferece:
comércio livre de impostos;
compartilhamento de tecnologias;
livre mobilidade da mão de obra;
intercâmbio sem vistos de especialistas, analistas, estudantes e professores.
Segundo ele, agora é muito cedo para falar de uma moeda do BRICS, até certo ponto não está claro quem vai emitir e em que proporção cada Estado-membro vai participar de sua criação.

"É preciso dar um significado concreto ao BRICS. Assim, a aliança crescerá não apenas quantitativamente, mas também qualitativamente. Afinal de contas, seu potencial é enorme."

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Sanções têm o objetivo de romper relações da Rússia com Sul Global

Bakhtizin disse que a política de sanções norte-americana é causada não apenas pelos acontecimentos na Ucrânia. Em geral, são parte de uma política de longo prazo e multifacetada dos EUA.
Em 2018, Washington iniciou uma guerra comercial contra Pequim que continua até hoje, citou o especialista como exemplo, acrescentando que a China não havia feito nada de mau aos Estados Unidos.

"As sanções antirrussas também têm como objetivo cortar os laços de Moscou com a Europa, enfraquecer a parceria russo-chinesa e afastar a Rússia dos países do Sul Global. No final, de acordo com os estrategistas ocidentais, isso deve levar a Rússia à completa degradação tecnológica", esclareceu.

Neste contexto, a Rússia deve desempenhar um papel mais importante no BRICS, acredita Bakhtizin, já que, sendo excluída do sistema SWIFT, o principal interessado na criação de um sistema de pagamentos do BRICS é ela.
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