"Serve também para criar novos parâmetros, propor novas balizas e também para desafiar uma visão muito estabelecida e forjada pelos europeus do que é ou do que deve ser a boa universidade. Temos uma chance importante com essa ferramenta que vai sendo proposta, de esculpir um novo conceito, uma nova ideia de boa universidade. Cada uma das nossas instituições de educação superior colocar o seu tijolo na construção, que deve ser coletiva", opinou o professor.
"Os rankings ocidentais e internacionais, como os QS World University Rankings e o Times Higher Education (THE), costumam dar preferência a universidades do Ocidente e anglo-saxônicas, espelhando práticas e prioridades acadêmicas focadas nos países desenvolvidos", pontuou ele.
"Um ranking voltado para o BRICS usaria critérios que considerem as particularidades desses países, tais como desigualdade social, inovação, transferência de conhecimento para o desenvolvimento nacional e o conhecimento dos povos originários", argumentou.
"A classificação BRICS poderia destacar a colaboração Sul-Sul e a função pública das universidades no reforço de políticas sociais e industriais nos países do grupo, espelhando uma estratégia mais ajustada às demandas específicas de cada país", afirmou Zabolotsky.
"Quando se fala em BRICS, a gente envolve algumas das principais academias do mundo, sobretudo a chinesa e a russa, que têm universidades do mais alto nível, prêmios Nobel acumulados e saberes já muito consolidados. Mas há também uma emergência muito importante da academia iraniana, por exemplo, da academia indiana, da academia sul-africana. As trocas estabelecidas entre esses países auxiliarão o Brasil na busca pelo desenvolvimento socioeconômico da sua população […]. Países como Emirados Árabes Unidos têm internacionalizado muito sua academia, e, portanto, acho que as trocas que vão acontecer entre esses países levarão necessariamente a um estágio superior de desenvolvimento das academias dos países BRICS."
"Essa produção de conhecimento [ocidental] favorece as epistemologias e abordagens do Norte Global e, ao mesmo tempo, coloca os países do Sul Global como reféns de um modelo que não é feito para suas realidades", concluiu ele.