Mercosul e UE
"O Mercosul é uma união aduaneira imperfeita: não é uma zona ou área de livre comércio nem um mercado comum, como ele se propôs a ser, e muito menos uma união monetária, como acontece na Europa", comentou Ferreira.
"Porque o Milei está precisando dos recursos que poderão advir desse acordo. Eu ousaria dizer que ele até tenderá a acelerar esse acordo […]. Além disso, ele é muito afeito ao que nós chamamos aqui de Norte Global, principalmente às principais potências da Europa Ocidental e aos Estados Unidos", opinou Ferreira.
"Não se sabe como vai ser essa relação comercial entre os europeus e os Estados Unidos, mas, do ponto de vista dos europeus, isso [acordo com o Mercosul] gera vantagem para uma futura negociação, porque os europeus vão negociar com o Trump, com os Estados Unidos, numa posição um pouco menos fragilizada. […] sinaliza para a economia norte-americana que a União Europeia não estaria tão dependente de um acordo de livre comércio com os Estados Unidos, haja vista que vem buscando outras alternativas para reduzir a dependência."
Inimigos, inimigos, negócios à parte
"Milei não acredita nisso, não compartilha desses valores e vai tentar partir para uma perspectiva de pragmatismo econômico, encontrando no Brasil uma reação bastante significativa, porque não é essa a pegada histórica do Itamaraty enquanto órgão de Estado e, também, evidentemente, não é essa a pegada do presidente Lula e dos seus principais aliados político-ideológicos dentro e fora do campo progressista brasileiro", disse Ferreira.
"Acredito também que essa questão do Mercosul acaba sendo também pragmaticamente equacionada, até porque temos a eleição do presidente [Yamandú] Orsi no Uruguai, que, acredito, terá uma boa relação e uma boa articulação com o governo brasileiro no sentido de promover a implementação desse acordo", disse ele.