Mundo polarizado
"Esse não é um fenômeno novo, principalmente na Geórgia e em outros países do chamado espaço pós-soviético. Também ocorreu por diversos anos em locais como Armênia e Ucrânia. O caso ucraniano é o mais emblemático dessa natureza, porque foi justamente a oposição entre esses dois vetores políticos a principal responsável pela crise que ocorreu no país nos anos de 2013 e 2014. Parece que as sociedades no geral, no mundo, têm encontrado dificuldade em estabelecer uma força política, uma terceira via que pudesse unir pelo menos alguns pontos desses dois lados que se encontram em oposição", destaca.
Crise política na França
"O Macron parece ter superestimado o apoio tanto ao seu governo quanto à sua própria pessoa e à sua administração, porque [a eleição] não deu os efeitos que ele imaginava. Essa polarização atravessa várias regiões do mundo; a Europa não é diferente e a França também. O Macron nem de longe é um líder unânime […]. Recentemente, o governo francês passou por um desmonte, e o Macron se tornou um líder considerado divisivo dentro da França. E, claro, quando você tem uma crise em um país central da União Europeia provocada por falta de confiança, isso tem influência em outros locais", diz.
Eleição de Trump e América Latina
"Ele já vem fazendo alguns pronunciamentos que fazem entender que vai dar certa atenção para a América Latina. Se isso vai ser bom ou não, depende do referencial, porque sempre que os Estados Unidos se interessam por uma região ou um tema, é a visão deles que se impõe sobre os interesses dos demais. Efetivamente, Rubio deve tentar criar uma aliança de governos de direita para se contrapor, teoricamente, a um bloco de esquerda [mais ligado à China]. Acredito que, pela primeira vez em décadas, o interesse norte-americano seja maior aqui, principalmente por conta da presença chinesa. E, para Trump, o país [China] é efetivamente a maior ameaça dos EUA."