Prevista inicialmente para ser encerrada no dia 12 de janeiro, a Divisão de Prevenção e Combate ao Extremismo Violento (Dpcev), em Brasília, pode se tornar definitiva, informou o governo nesta sexta-feira (3).
A estrutura, criada depois do ataque na frente do STF em 13 de novembro do ano passado, trabalha atualmente para monitorar a capital federal para o dia 8 de janeiro, quando se completam dois anos da tentativa de invasão da sede dos Três Poderes por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Conforme o secretário executivo de Segurança Pública do Distrito Federal, Alexandre Patury, a manutenção do setor ocorre por conta dos resultados positivos alcançados nos últimos meses.
"A troca de informações é muito mais rápida. Aquilo que normalmente leva minutos, quando estamos todos reunidos fisicamente, leva segundos para ser definido, já que todos têm acesso imediato aos sistemas de seus respectivos órgãos. A presença física realmente traz resultados", declarou à Agência Brasil.
É o caso, por exemplo, da prisão de um homem de 30 anos no último domingo (29) pela divisão na Bahia, próximo à divisa com o estado de Goiás. O suspeito pretendia fazer um novo atentado em Brasília e chegou a publicar nas redes sociais que colocaria "fogo" na capital federal.
"Tudo o que chega é apurado e checado tanto pela célula quanto pelo Centro Integrado de Operações [CIOp]. Pedimos, inclusive, que a população tenha consciência, pois muitas pessoas fazem falsas denúncias como brincadeira, achando que é interessante atemorizar a população. Porém, duas pessoas já foram presas, e todo ato tem repercussões", acrescentou o secretário.
A estrutura de combate ao extremismo
O núcleo de inteligência conta com agentes de segurança de diversos órgãos locais e federais e, anteriormente, funcionava apenas em grandes eventos, como o feriado de 7 de setembro. Porém, desde os ataques de 8 de janeiro de 2023, a estrutura se manteve ativa.
Além de servidores do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, a divisão conta com as polícias do STF, Câmara, Senado, Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Secretaria de Segurança do Distrito Federal.
Ataque à bomba na Praça dos Três Poderes
Em novembro, o chaveiro Francisco Wanderley Luiz foi responsável por um ataque com bomba na Praça dos Três Poderes, em Brasília. A ex-mulher dele chegou a revelar em depoimento à PF que Luiz tinha como alvo o ministro do STF Alexandre de Moraes.
O suspeito ainda teria feito pesquisas no Google para planejar o atentado e detonou a bomba contra si mesmo porque foi descoberto antes de executar o plano, mas, ao que tudo indica, já havia intenção de suicídio após o assassinato.
O carro de Wanderley Luiz foi encontrado com explosivos e em chamas próximo à Câmara dos Deputados, e explosões foram registradas em frente ao prédio do STF.
Durante as investigações, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, informou ainda que Francisco Wanderley Luiz havia alugado um trailer que estava estacionado há alguns meses em "um ponto estratégico, nas proximidades do STF", indicando que havia "um planejamento de longo ou médio prazo e que sinaliza para a gravidade de tudo isso".