"O que esse caso do Trump demonstrou é que, sim, existe um processo imperialista na área de dados […]. Existe imperialismo de dados, existe imperialismo tech, e agora escancarou. A gente tem um avanço social com o Pix, que Trump quer derrubar para conseguir lucrar em cima das operações comerciais brasileiras."
"A gente deveria estar, inclusive hoje, não discutindo soberania nacional na questão de dados. A gente deveria ter uma ideia de Sul Global, […] de pluridependência, de todos se tornarem, juntos, partes de um elo, de um ecossistema. Retira esse nublado de 'Não, estou tendo apenas uma parceria de relação tecnológica'."
O Brasil pode ter uma rede social própria?
"A correlação entre redes sociais e IA é muito forte. Se reparar bem, com a exceção da OpenAI, que foi quem desenvolveu a tecnologia em si […], a maioria das grandes IAs são de alguma forma ligadas a uma rede social porque elas produzem muitos dados sobre o comportamento humano, muitos dados sobre a cultura humana, e a IA é uma forma de produtificar a cultura humana."
"Você tem uma obrigação de ter escala; você não consegue ter uma pequena rede social. Por quê? Porque você só está em uma rede social onde outras pessoas estão. O valor da rede social é o outro usuário, não é você sozinho. Você pode utilizar uma ferramenta de busca que só você usa, você pode utilizar um site de contas que só você usa, mas você não pode utilizar uma rede social que só você usa."
"Essa ideia de que qualquer coisa é impossível em um país que paga o quanto paga, por exemplo, no Plano Safra, é insana. Não existe impossibilidade econômica. Existem dois fatores: tempo e recurso alocado. […] O Brasil tem uma capacidade de dados públicos muito grande. Você tem centralização de todas as decisões judiciais do Brasil em um único banco de dados. Mesma coisa com o SUS. […] Não falta oportunidade."