Em sua fala, proferida na sala da 1ª turma do Supremo Tribunal Federal (STF), Moraes faz questão de dizer que "não há dúvida de que houve tentativa de golpe. O que se discute [agora] é a autoria".
Estão sendo julgados, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), generais Augusto Heleno e Braga Netto, entre outros cinco.
"Não é razoável achar normal um general quatro estrelas do Exército, um ministro do GSI, ter uma agenda com anotações golpistas. Ter uma agenda preparando a execução de atos para deslegitimas as eleições, o Poder Judiciário e se perpetuar no poder. Não consigo entender como alguém pode achar normal, em uma democracia em pleno século 21, uma agenda golpista", arguiu o relator.
Segundo Moraes, o próprio réu confirmou a titularidade da agenda apreendida. O ministro adicionou, ainda, que o general [Heleno] e Alexandre Ramagem utilizaram ilicitamente a Abin para construir o projeto e se manter no poder.
"Dizer que as anotações feitas no documento eram participares, uma espécie de 'meu querido diário' não é razoável", cravou o relator sobre arguições da defesa do general. "O documento denominado 'presidente do TSE' consistia em um documento com vários tópicos e argumentos contrários ao sistema eletrônico e imputando fraudes na Justiça Eleitoral, exatamente idêntico ao que foi dito na live por Jair Bolsonaro. O réu Alexandre Ramagem confirmou a titularidade do documento, salientando, porém, que as anotações feitas no documento eram só para ele, particulares, ele com ele mesmo", amarrou.
Presidente do STF
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que o processo envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete acusados de participação em uma trama golpista será conduzido com base em provas, e não em disputas políticas.
Barroso também comparou o atual momento ao período da ditadura militar, quando, segundo ele, não havia devido processo legal nem transparência nos julgamentos. O ministro destacou que o STF tem atuado de forma alinhada à Constituição.
Votação acontecendo
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, deu o pontapé na apresentação do seu voto no processo contra Bolsonaro e outros 7 réus. A expectativa é de que a manifestação ocorra durante todo o dia e que Moraes faça uma análise rigorosa dos crimes apontados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), mesmo diante das pressões políticas e da administração do presidente norte-americano Donald Trump por concessões aos réus.