Rússia reforça intenção de continuar fornecendo armas modernas a Cuba

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A Rússia trata Cuba como um amigo confiável e está pronta para desenvolver a cooperação com a ilha caribenha, tanto nas esferas militar quanto técnico-militar, segundo afirmou o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, durante uma reunião nesta sexta-feira (24), em Moscou, com o vice-presidente do Conselho de Ministros de Cuba, Ricardo Cabrisas.

"Pretendemos continuar a cooperação no fornecimento de armas modernas e equipamento militar às Forças Armadas Revolucionárias Cubanas", disse Shoigu, de acordo com um comunicado emitido pela pasta de Defesa da Rússia. 

Ontem (23), Cabrisas também se reuniu com o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.

De acordo com Shoigu, a cooperação russo-cubana recebeu um reforço adicional após a visita do presidente russo Vladimir Putin a Havana, em julho do ano passado, logo após o Parlamento russo ter aprovado um acordo para perdoar 90% da dívida contraída por Cuba com a União Soviética. Como herdeira legal da URSS, a Federação Russa isentou a ilha caribenha de pagar US$ 32 bilhões dos US$ 35,2 bilhões que devia.

"Todas as decisões tomadas durante a visita estão sujeitas a um atento controle e implementação em nosso país", afirmou Shoigu nesta sexta-feira.

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"Nossa cooperação no setor militar está se desenvolvendo ativamente e meus encontros de fevereiro em Havana provaram nossa vontade comum para a expansão de nossas relações de parceria nas esferas militares e técnico-militares", disse o ministro russo, em referência à visita de negócios que fez à capital cubana durante sua turnê pela América Latina, que também envolveu escalas na Venezuela e na Nicarágua.  

Segundo Cabrisas, a visita de Shoigu a Havana "ajudou a reforçar a cooperação" entre os dois países.

As relações de amizade entre a América Latina e a Rússia vêm se fortalecendo significativamente em meio à guerra de sanções que os EUA, alguns países europeus e os aliados ocidentais dos norte-americanos empreendem contra Moscou, alegando um suposto envolvimento russo no conflito interno da Ucrânia. 

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No entanto, foram os EUA que se apressaram em intervir na Ucrânia para catalisar o golpe de Estado que derrubou em fevereiro do ano passado o então presidente Viktor Yanukovich, criando no país um cenário de turbulência extremamente violento para a população civil, segundo escreveu o ex-congressista norte-americano Ron Paul, em artigo publicado em seu site um ano após o golpe.

Em recente entrevista à Sputnik, o Professor de Relações Internacionais da ESPM-Sul e ex-diretor do BRICS Policy Center da Pontifícia Universidade Católica – Prefeitura do Rio de Janeiro, Fabiano Mielniczuk, analisou o atual quadro geopolítico traçando uma analogia ao período da Guerra Fria. 

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Segundo o especialista, a URSS, em resposta às atividades norte-americanas nas suas fronteiras, particularmente à instalação de bases na Alemanha, passou a atuar nas proximidades da fronteira dos EUA, ampliando a cooperação militar com Cuba. Transportando a situação para os dias atuais, o avanço da presença russa na América Latina seria também uma forma de resposta às intervenções de Washington na Ucrânia.

Ainda de acordo com Mielniczuk, a normalização das relações entre Cuba e EUA também se deve, em parte, à atuação russa na região. Washington, ao retomar as relações com Havana, estaria tentando minar a influência de Moscou.

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Apesar disso, segundo declarou recentemente o chanceler russo, Sergei Lavrov, a qualidade dos laços entre a Rússia e a América Latina é extremamente valorizada por Moscou. Por ocasião do aniversário de 70 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre as duas regiões, ele voltou a afirmar que “em um ambiente internacional turbulento, é de particular importância o compromisso comum de princípios tão importantes como o multilateralismo, o respeito pelo direito internacional e o reforço do papel central da ONU". E concluiu:

"Hoje, o desenvolvimento dinâmico da cooperação entre os nossos países em vários campos prova que a distância não é um obstáculo para a cooperação. Os Estados latino-americanos são parceiros de confiança da Rússia na arena internacional. Nós valorizamos muito isso.”

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