A Ministra Kátia Abreu presidiu a CNA – Confederação Nacional de Agricultura e, como senadora (reeleita em 2014 pelo Estado de Tocantins), integrou as Comissões de Assuntos Econômicos, Constituição, Justiça e Cidadania, de Agricultura e Reforma Agrária e de Assuntos Sociais.
A seguir, a íntegra da entrevista com a Ministra Kátia Abreu.
Sputnik: Em julho, a senhora fez uma visita à Rússia, com excelentes resultados, mas que ainda não foram cobertos pela imprensa. Gostaria que a senhora falasse um pouco sobre os resultados dessa visita.
Então, para nós, foi uma oportunidade de poder suprir a Rússia desses produtos que foram embargados – especialmente carnes, leite e frutas –, e nós estamos correndo para que essas relações se firmem, para que elas não sejam só passageiras. Esse embargo vai até agosto de 2016, e nós pretendemos continuar com esse comércio. Nós não queremos que isso se interrompa: queremos uma relação madura de comércio com a Rússia.
S: A senhora mencionou o leite em pó. Quais são as outras aberturas comerciais? Sabemos que a Rússia vai passar a exportar trigo e pescado.
S: Então, nesta fase, a própria exportação do trigo russo depende da Rússia?
KA: Depende da Rússia. Nós já mandamos as nossas condicionantes. Agora eles é que têm que pegar as condicionantes e ver quais empresas estão aptas a exportar e mandar para nós.
S: Em relação à exportação da carne brasileira, que chegou a ser embargada algumas vezes por conta das exigências sanitárias russas: isto já está no passado?
S: Recentemente saiu uma nova lista de frigoríficos que não tiveram permissão para exportar para a Rússia.
KA: Isso é normal. Acontece e vai acontecer sempre. Encontraram um tipo de hormônio em uma propriedade, e, para onde aquela propriedade vendeu, eles foram atrás. O fato de abrir o mercado não significa que haja uma consolidação definitiva. Nós temos que continuar pelejando e melhorando a nossa situação sanitária e fitossanitária para que essas coisas não aconteçam.
S: Além desses produtos que a senhora mencionou, existe algum outro pré-listing em negociação?
KA: O mais expressivo é de carnes, lácteos e frutas. Da Rússia para cá, trigo e pescado. Tudo na fase do pré-listing.
S: A senhora vai à Rússia mais uma vez em outubro.
KA: O ministro da Agricultura me convidou para ir à reunião dos ministros de Agricultura dos BRICS. Então nós vamos prestigiar o ministro: ele quer fazer uma feira e nós vamos participar. [O evento acontecerá entre os dias 8 e 11 de outubro.]
S: O que a senhora pode dizer a respeito da proposta feita durante o encontro da Presidenta Dilma com o Presidente Putin sobre a troca comercial em moedas locais?
KA: Estamos acompanhando e temos a notícia de que a Casa Civil está preparando um projeto de lei que facilita essa operação por parte do Brasil. E eu creio que os outros países também devem estar estudando as suas legislações. Em princípio, não conheço profundamente o assunto, vou procurar me inteirar; mas, em tese, não sou contrária. Acho que isso pode trazer algumas soluções. [Do ponto de vista do agronegócio] não é um empecilho nem um grande problema, mas vamos nos aprofundar um pouco mais nos estudos da questão e nos inteirar com a Casa Civil para ver como está o andamento dessa permissão.
KA: Nós importamos metade do trigo que consumimos. É muita coisa. A Argentina não dá conta sozinha de tudo isso. E nós estamos importando, por exemplo, de um país que eu não gostaria nem de mencionar, e que não tem trocas expressivas com o Brasil. Por que vamos deixar de importar da Rússia, que é um importante parceiro comercial, para importar de outro país? Claro que isso tudo depende da iniciativa privada. O Governo não pode impor aos produtores que comprem da Rússia, mas nós vamos criar todas as condições e facilidades para que comprem desse parceiro comercial.