Na entrevista ao canal suíço RTS realizada no passado sábado durante o sorteio das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, Putin não falou só sobre a situação no futebol, mas claro, foi com este tema que começou.
Escândalo da FIFA
Atualmente os EUA e a Suíça estão realizando uma investigação penal do processo de seleção dos países-sede das Copas de Mundo, acusando responsáveis de alto escalão da FIFA de corrupção.
O presidente russo fez lembrar que os EUA queriam hospedar a Copa 2022 e o seu aliado mais próximo – o Reino Unido – a Copa 2018.
“O modo como desenvolvem esta luta contra a corrupção faz-me pensar se não continuam lutando por 2018 e 2022.”
Enquanto isso, Putin sublinhou a importância de combate contra a corrupção em geral:
Neste contexto o presidente comentou a opinião existente e já várias vezes expressa por especialistas de que os Estados Unidos, perseguindo seus próprios objetivos, realizam uma política externa e interna imperialista, e que essa política prejudica os próprios EUA.
"Esta posição não tem nada a ver com antiamericanismo, respeitamos muito os EUA e especialmente o povo dos EUA. Mas isso não quer dizer que as autoridades dos EUA têm o direito de ir pelo mundo a fim de pegar e arrastar /pessoas/ para as suas prisões ou agir a partir de uma posição de ‘quem não está conosco está contra nós'. Eu acredito que ações unilaterais e o uso da jurisdição de um país fora do seu território são inaceitáveis e prejudiciais para as relações internacionais.”
Situação na Europa
Respondendo à pergunta sobre a situação na política e segurança da Europa, Putin disse:
“Gostaria que a Europa fosse mais independente e soberana e conseguisse proteger seus interesses nacionais.”
Neste contexto ele declarou que “a participação em qualquer organização prevê abdicar de certa parte da soberania”.
Combate ao terrorismo
A luta contra terrorismo atualmente é considerada a primeira questão na agenda internacional devido à intensificação das ações de tais grupos terroristas como, por exemplo, Estado Islâmico. Mas Putin fez lembrar que os EUA, como líderes atuais da coalizão internacional que realiza ataques aéreos contra posições de terroristas, não foram os primeiros a admitir o problema.
“Quando começamos a luta e enfrentamos os problemas no Cáucaso, eu fiquei surpreendido ao notar que, mesmo tendo provas de que enfrentamos uma ameaça terrorista, que combatemos representantes da Al-Qaeda, ninguém nos apoiava. Eu, então, lhes disse: ‘Não podem apoiar — não é necessário, pelo menos não nos impeçam.’"
"Agora vejo que a situação mudou claramente. A Europa, os Estados Unidos perceberam o perigo real de manifestações de radicalismo e realmente se juntaram à luta. Os russos têm um provérbio — é melhor tarde do que nunca."
Imagem da Rússia na mídia
Vladimir Putin também comentou a opinião propagada na mídia europeia de que o presidente russo é imperialista, um novo Stalin:
“Isso é parte da luta política, tem sido parte da minha vida durante muitos anos. Tento ignorar tudo isso. Eu só faço o que considero necessário no interesse do meu país e povo.”
“Os interesses da Rússia não incluem confrontos com outros países, mas às vezes temos de defender os nossos interesses e, é claro que vamos fazer isso. Mas não vamos buscar a solução através da confrontação ou ainda de confronto militar, mas por meio de busca do compromisso e de soluções mutuamente aceitáveis.”