“Houve uma transação importante de negócios, e por outro lado projetou a cidade de Vladivostok como um polo econômico importante, que é o desejo russo para o curto e o médio prazo”, afirmou Pautasso.
Durante o Fórum Econômico do Oriente, que reuniu funcionários russos e dos países da região Ásia-Pacífico, além de grandes investidores e empresários, foram apresentados mais de 200 projetos de investimentos.
Diego Pautasso chama a atenção para o fato de que a prioridade da política externa da Rússia é hoje justamente investir nesses países, para enfrentar o embargo feito pelos Estados Unidos e seus aliados na Europa:
“O evento converge com os interesses russos, de por um lado aproveitar o dinamismo da região do Pacífico e de outro lado escapar aos embargos ocidentais, puxados pelos Estados Unidos e pelos seus aliados europeus, o que pode gerar um efeito reverso para a própria Europa e o Ocidente, no sentido do estreitamento das relações da Rússia com a China e com os países da região. E, ao mesmo tempo, o direcionamento do fornecimento energético para esses países em detrimento da Europa, o que pode no médio e no longo prazo comprometer a segurança energética europeia.”
O especialista em Relações Internacionais destaca ainda que a Rússia percebe que não precisa estar voltada apenas para o mercado europeu e traça uma rota para os países da Ásia-Pacífico.
“Cada vez mais a Rússia percebe que ela é um país voltado para dois grandes vetores, não só para o vetor europeu. Tanto pela sua formação étnico-social e geográfica quanto do ponto de vista do dinamismo da bacia do Pacífico. São países que demandam recursos naturais e energéticos. A Rússia já faz parte de alguns processos de integração da região. Parece que, sobretudo, há uma certa solidariedade, principalmente da China, com relação às questões de segurança que têm impactado a economia russa. O estreitamento das relações China-Rússia, que vêm se intensificando desde meado dos anos 1990, parece agora bastante maduro.”
Além da cooperação econômica, Diego Pautasso destaca também a parceria na área militar entre Rússia e China:
“Isso sinaliza também que a Rússia não está disposta a aceitar qualquer tipo de sanção, e que ela tem capacidade econômica e política de sustentar por um bom tempo os constrangimentos impostos a partir do Ocidente.”
As questões e propostas apresentadas durante o Fórum Econômico do Oriente da Rússia, que a partir de agora passa a ser realizado anualmente, vão voltar a ser debatidas no Fórum Econômico Mundial, a ser realizado na cidade de Dalian, na China.
De acordo com Diego Pautasso, o resultado positivo do Fórum da Rússia faz parte de um processo de integração da Eurásia como um todo que se mostra cada vez mais intenso.
No balanço do primeiro Fórum Econômico do Oriente, os organizadores comemoram a assinatura de acordos no valor de 1,3 trilhão de rublos, o equivalente a cerca de US$ 18,9 bilhões. Na opinião do especialista em Relações Internacionais Diego Pautasso, os valores são considerados realmente significativos para uma primeira reunião e representam o grande potencial do porto de Vladivostok.
“São valores expressivos para uma primeira iniciativa. E, como é possível observar, a posição desse porto, dessa nova área econômica, pode se transformar realmente em mais uma zona de processamento de manufaturas e de integração com as diversas outras cadeias produtivas que fazem parte do Extremo Oriente russo.”