Paulo Nogueira Batista Jr. comenta tópicos do seu artigo “Carga Negativa”, publicado no jornal “O Globo”. No artigo, ele diz detectar uma onda de pessimismo no país, que percebe em comentários nas redes sociais e nas publicações da grande imprensa brasileira. Para ele, os brasileiros têm razões para estar preocupados com a situação política e com os rumos da economia, mas os fatos negativos têm sido potencializados, e os positivos, minimizados.
Finalmente, Paulo Nogueira Batista Jr. informa em sua entrevista que o Novo Banco de Desenvolvimento iniciará as suas operações de crédito em abril de 2016, de acordo com a meta do presidente do órgão, o financista indiano Kundapur Vaman Kamath.
A seguir, a entrevista com o vice-presidente do Banco dos BRICS, diretamente de Xangai.
Sputnik: Vamos falar do pessimismo que o senhor detectou no povo brasileiro e comentou em seu artigo 'Carga Negativa'. Os brasileiros estão excessivamente pessimistas?
Paulo Nogueira Batista Júnior: Eu não quis dizer neste artigo que eu achava que o povo brasileiro propriamente estava pessimista. Ao passar recentemente pelo Brasil eu tive essa impressão, de que havia uma onda de pessimismo na imprensa, na mídia, nas redes sociais, e é mais a isso que me refiro. Em parte isso é decorrente de uma conjuntura política muito adversa, uma disputa política que contaminou praticamente toda a comunicação social no Brasil. O povo está passando por uma situação difícil porque a economia está em recessão, o desemprego aumentando, mas eu vejo que há um elemento subjetivo dessa crise, de pessimismo, que é em parte produto disso que ocorre no nível da imprensa, da mídia e das redes sociais.
S: Diante do quadro político e econômico os brasileiros estão pessimistas ou preocupados com o que poderá acontecer no país?
S: O senhor entende que está havendo um exagero no quadro que está sendo mostrado à opinião pública?
PNBJ: É difícil generalizar, teria que ser mais preciso, mas, de uma maneira geral, acho que os aspectos positivos são subestimados e os negativos são exacerbados. É a minha percepção, talvez equivocada, de quem está vendo a coisa de longe. Eu entendo perfeitamente que há uma insatisfação, que há um sentimento de frustração com a falta de crescimento, com a queda no nível de emprego, com o aumento da taxa de desemprego. Apenas eu acho que o potencial da economia brasileira existe e deve ser aproveitado, e para que possa haver aproveitamento desse potencial é preciso que não se exacerbe uma crise de confiança que só vai aprofundar as dificuldades da economia.
S: Em seu artigo o senhor critica os que anteveem para o Brasil uma situação econômica similar à da Grécia. Por que não há termos de comparação entre Brasil e Grécia?
S: A Grécia vive uma situação de hiperendividamento, consta que sua dívida é de três vezes o valor de seu Produto Interno Bruto, o que não é a situação do Brasil.
PNBJ: Não, a dívida é muito maior em proporção ao tamanho da economia, e os antecedentes da política grega no período que precedeu a crise foram muito piores. Não é à toa que a Grécia está numa situação tão difícil. Não é apenas a troika, os erros da troika, foram também as políticas altamente irresponsáveis que a Grécia adotou no período anterior à crise internacional.
S: Vamos falar do Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco do BRICS, órgão do qual o senhor é vice-presidente para o Brasil. Como estão os preparativos para o início efetivo das operações do Banco?