O apelo foi feito por Massoud Barzani, líder da Região Autônoma do Curdistão no Iraque, que está no poder desde 2005. No entanto, ele não disse quando o referendo proposto poderia acontecer, segundo relata a RT.
"Chegou o momento e a situação é agora apropriada para o povo curdo tomar uma decisão sobre seu destino através de um referendo", disse Barzani, em um comunicado divulgado nesta quarta-feira (3).
"Esse referendo não é para proclamar um Estado, mas sim para conhecer a vontade e a opinião do povo curdo acerca da independência e para a liderança política curda executar a vontade popular na época e condições adequadas", acrescentou.
Os curdos iraquianos controlam grandes partes do território iraquiano, as quais vêm sendo administradas com autonomia por parte do Governo Regional do Curdistão.
Apesar do caos interno na região, que sofre graves problemas econômicos devidos à queda dos preços do petróleo, Barzani acredita que nunca haverá uma chance melhor para os curdos aproveitarem a chance de ganhar a independência.
"Se o povo do Curdistão está à espera de alguém que apresente o direito de autodeterminação como um presente, a independência nunca será obtida. Esse direito existe e as pessoas do Curdistão devem exigi-lo e colocá-lo em movimento", exortou o líder, citado pela Reuters.
Anteriormente, em julho de 2014, Barzani anunciou que os planos de realizar um referendo sobre a independência no final daquele ano, dizendo que o Iraque já estava "efetivamente dividido". No entanto, devido a tensões políticas internas iraquianas e ao avanço do grupo terrorista Daesh, o pleito foi colocado em espera.
Apesar do relativo apreço que eles ganharam na comunidade internacional, é improvável que as potências mundiais, incluindo os EUA, venham a apoiar as reivindicações de independência. Washington já declarou que deseja que os curdos continuem a fazer parte do Iraque.
Em dezembro, a Turquia realizou ataques aéreos contra as forças do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em áreas curdas no norte do Iraque. O PKK, um dos grupos militarizados curdos na região, é considerado uma organização terrorista pela Turquia e pelos EUA. Dez turcos jatos F-16 foram usados nos ataques.
Bagdá respondeu que não tinha pedido a ajuda das forças turcas e exigiu a retirada imediata das tropas invasoras, descrevendo a medida de Ancara como uma violação da soberania iraquiana e pedindo a intervenção da OTAN.
Por outro lado, apesar de as aspirações independentistas curdas serem historicamente ignoradas e combatidas pelas potências regionais – especialmente pelos Estados vizinhos com grandes populações minoritárias de curdos –, os curdos iraquianos parecem ter ao seu lado pelo menos um ator regional de peso: Israel. No mês passado, a ministra da Justiça israelense, Ayelet Shaked, se pronunciou a favor de um Estado curdo independente.
"Devemos exortar abertamente à criação de um Estado curdo que separe o Irã da Turquia, um que seja amigável em relação a Israel", disse Shaked, em uma conferência anual sobre segurança em Tel Aviv realizada em 19 de janeiro, conforme citado pelo jornal Times of Israel.