Na mesma ocasião, os delegados participantes da Cúpula debaterão a recente medida anunciada pelo Presidente Evo Morales de que a Bolívia investirá 50 bilhões de dólares em desenvolvimento e em programas sociais. A propósito, Leonardo Loza, um dos expoentes do Movimento, afirmou que “hoje vivemos em paz, trabalhamos em paz, temos estabilidade política, econômica, social e cultural, em contraste com um passado de governos neoliberais que atentavam contra o desenvolvimento social do povo boliviano”.
“Ele nasceu em 1995, portanto no auge da hegemonia do neoliberalismo na América Latina, e nasceu como uma forma de defesa dos trabalhadores frente àquela hegemonia neoliberal. O MAS nasceu de uma fusão de diversos grupos políticos representativos dos trabalhadores. Uma fusão de diversos setores da luta dos trabalhadores da Bolívia, como o setor sindical, principalmente ligado à mineração; o movimento indígena; um grupo de intelectuais, artistas e simpatizantes; e o movimento cocalero, de onde é originário Evo Morales, do Sindicato de Cocaleros e de Produtores da folha da coca, que é utilizada na Bolívia numa forma tradicional – mascar a folha de coca é algo normal, rotineiro, que alivia os efeitos do ar rarefeito, da altitude, mas que é, de uma forma muito baixa, confundida com a produção da droga cocaína, que não tem nada a ver. Essa fusão de interesses da classe trabalhadora boliviana de vários setores levou à criação do MAS, que é um instrumento político, um partido político e que passou a disputar as eleições e que na década passada elegeu Evo Morales como presidente da Bolívia.”
“Essa afirmação do dirigente vem no sentido de que a campanha levou a uma grande mobilização das bases do MAS e solidificou o sentimento de união em prol da continuação do projeto. A derrota eleitoral no referendo foi muito pequena, 1%, e a proposta do MAS foi derrotada mas, mesmo assim, foi uma grande mobilização de massas frente a uma ofensiva midiática de direita contra Evo Morales, com uma série de denúncias sem o menor fundamento, algo que vem sendo normal, infelizmente, na América Latina nesses últimos anos – ataques midiáticos e jurídicos a processos progressistas que já vêm governando os países da região há mais de 10 anos.”
Finalmente, a respeito da Cúpula Nacional dos Movimentos Sociais, que será realizada no sábado, 2 de abril, em Cochabamba, o Professor Roberto Santana acredita que as discussões serão em torno da crise internacional, seus efeitos na América Latina, “e a desestabilização que vários governos progressistas vêm tendo na região, inclusive com várias derrotas como a do kirchnerismo na Argentina; a derrota do próprio referendo na Bolívia; a derrota legislativa que o chavismo sofreu na Venezuela; a tentativa de golpe que se encontra ocorrendo no Brasil, entre outras”.