Há que destacar que isto foi possível devido ao fato de os responsáveis militares norte-americanos e turcos terem conseguido chegar a um acordo quanto ao ‘plano a longo prazo para conquistar, manter e governar’ a cidade dilacerada pela guerra.
Operação Fúria do Eufrates
A ofensiva, denominada oficialmente de ‘Operação Fúria do Eufrates’ (ou ‘Ira’), foi lançada em 6 de novembro pelas Forças Democráticas da Síria. Também se espera que a França, o Reino Unido e os EUA prestem ajuda usando sua Força Aérea. As SDF são uma aliança multiétnica composta por combatentes curdos, árabes, assírios, armênios, turcomenos e circassianos, sendo que o papel principal na operação vai ser desempenhado pelas Unidades da Proteção Popular (YPG) curdas.
A notícia foi comunicada pelas SDF na cidade de Ain Issa, situada a cerca de 50 quilômetros ao sul de Raqqa. Foi comunicado que cerca de 30 mil combatentes participarão da operação.
Por quê Raqqa?
A cidade síria de Raqqa, cuja população é de cerca de 200 mil habitantes, tem sido controlada pelos jihadistas desde janeiro de 2014. Ela é considerada como a capital do califado que foi criado por este agrupamento terrorista e se veio espalhando por vastos territórios da Síria e do seu país vizinho, o Iraque.
Acredita-se que alguns dos líderes do Daesh, além de uns 5 mil radicais, estão em Raqqa neste momento. Na opinião de muitos, a libertação da cidade seria uma receita para o êxito do objetivo de enfraquecer e, mais tarde, aniquilar esta organização bárbara.
Objetivo número um
Ao contrário daquilo que se poderia pensar, a libertação de Raqqa não é a questão mais importante.
Não se espera que a operação que visa cercar a cidade de Raqqa aconteça num piscar de olhos. As SDF “estão avançando para sul com o fim de isolar os inimigos nas proximidades de Raqqa e na própria Raqqa”, disse o Chefe do Estado-Maior Conjunto, general Joseph Dunford, no domingo (6).
"Nós sempre anunciamos que a fase de isolamento levaria meses."
O papel da Turquia
A Turquia tem expressado repetidamente a sua vontade de participar da operação para libertar Raqqa, frisando que os curdos (principais aliados dos norte-americanos no terreno), não devem encabeçar a ofensiva. No domingo (6), o Pentágono confirmou que os EUA e os responsáveis militares turcos chegaram a um acordo sobre um assunto que já tinha provocado tensões entre os dois aliados da OTAN ao longo de várias semanas.
Em outras palavras, Washington levou em consideração as preocupações turcas e decidiu que não seriam as SDF as forças que iriam libertar Raqqa. De fato, segundo diz Dunford, os arquitetos da política externa norte-americana sempre souberam que as SDF não seriam ‘a solução para manter e governar Raqqa’.
A liderança turca ainda não chegou a comentar a operação Fúria do Eufrates.
Porta-voz da operação Fúria do Eufrates, Jihan Seikh Hasan: 'Daesh terá o seu fim na cidade de #Raqqa'
The spokswoman of Operation of Euphrates Anger, Jihan Seikh Hasan, said:'' the end of Daesh will be in #Raqqa City. pic.twitter.com/tTRafBndKx
— Raqqa Campaign (@raqqa1campaign) 6 ноября 2016 г.
Quem irá libertar Raqqa
Neste momento, a coalizão encabeçada pelos EUA e a Turquia estão se debruçando sobre a composição concreta das forças que serão encarregadas de expulsar o Daesh da cidade.
"[A operação precisa], de uma força predominantemente árabe e sunita", especificou Dunford. "E há forças deste tipo. Há a oposição síria moderada, as forças sírias de confiança e o Exército Livre da Síria. Além disso, há quem possa prestar assistência no início da operação na própria Raqqa."
Muitos já questionaram porque é que existem os chamados rebeldes moderados, levando em conta que eles frequentemente conduzem operações conjuntas com organizações radicais como a Frente al-Nusra e outras.
É preciso não nos esquecermos que o Pentágono e a chefia das SDF parecem não ter consenso quanto às forças que acabarão por expulsar o Daesh de Raqqa.
"Pretendemos libertar os arredores, cercar a cidade, depois atacá-la e liberá-la", disse o porta-voz das SDF Talal Sillo.
Resposta dos EUA
Campanhas sobrepostas
Embora Raqqa seja mais pequena que Mossul, a campanha que visa libertar a cidade síria não será fácil, tal como todas as operações já efetuadas contra o terrorismo no Iraque e na Síria. Porque serão então as duas operações de alto risco contra o Daesh conduzidas ao mesmo tempo?
Há duas semanas, Carter revelou que a batalha por Raqqa começaria dentro de várias semanas, adiantando que o Pentágono tinha bastantes recursos e capacidades para apoiar ambas.
"Já faz muito tempo que este era o nosso plano e temos recursos suficientes para ambas as operações ", disse o ministro norte-americano.