Nos documentos, há relatos de uma mulher, denominada T, que enfrentou tormentos desumanos até ser resgatada.
A mulher foi libertada das mãos do Daesh em 7 de agosto de 2014 no distrito de Al-Hamdaniya, região habitada por cristãos há mais de mil anos. Foi estuprada, forçada a renegar sua fé e a vestir hijab. A mulher de 29 anos de idade, juntamente com seu filho, foi transportada para Mossul, onde foi vendida três vezes. Em resultado às vendas, a mulher foi parar no mercado de escravos na cidade síria de Raqqa. Na casa do seu novo dono, a mulher foi estuprada por terroristas durante dois dias seguidos e os malfeitores fizeram questão de praticar a desumanidade em frente ao filho da mulher.
Esta é somente uma das histórias. Há várias. Todas desumanas. Dados, fotografias e vídeos não deixam esquecer essa página triste da história. No arquivo há um vídeo da mulher T pedindo para que alguém pague por sua liberdade.
O arquivo conta com informações de 100 cristãos, que foram mortos ou feitos de reféns pelos terroristas do Daesh no Iraque e na Síria. O destino de muitos ainda é desconhecido.
Em Al-Hamdaniya, os terroristas capturaram 45 pessoas, entre eles homens, jovens, mulheres e crianças cuja idade variava entre 4 e 80 anos.
Aqueles que não renegaram sua fé, foram espancados, passaram fome e morreram. Os terroristas torturaram os residentes para obter informações sobre a região. Mas nem todos sobreviveram aos "interrogatórios".
Um dos residentes de Al-Hamdaniya mostra as marcas das chicotadas e das cicatrizes dos tiros que recebeu durante as torturas. Assim, os terroristas do Daesh forçam pessoas a renegar sua fé. Aqueles que não a renegaram, foram condenados a permanentes torturas e extermínios.
Eis o material do arquivo recebido pela Sputnik Árabe:
"No dia 6 de agosto, os militantes do Daesh entraram no distrito de Al-Hamdaniya. Minha mulher, nossos filhos e eu decidimos permanecer no campo. Mas os terroristas nos encontraram e começaram a atirar sobre nossas cabeças para que nos aproximássemos deles. Por ordem deles, seguimos rumo à mesquita, o trajeto durou duas horas. Na mesquita havia muitos moradores locais. Nossa família foi separada e mandada para a Corte islâmica. Minha mulher e eu fomos espancados e forçados a nos converter para o Islã.
Os terroristas queriam que eu me tornasse membro do Daesh. Mas eu rejeitei a proposta. Minha família e eu nos dirigimos para Mossul, e depois para Hawija, também ocupada por terroristas. Graças a um milagre, conseguimos chegar a Kirkuk."
Nove idosos entre 66 e 90 anos se recusaram a deixar sua pátria onde nasceram e cresceram. Os terroristas deixaram que morressem de fome trancados em suas casas. Os que se converteram ao Islã receberam remédios e, assim, prolongaram sua vida. Três idosos foram sepultados nos pátios de suas casas. Os corpos dos outros foram sepultados no cemitério local, mas ninguém sabe onde estão suas covas.
Desde o início da operação para libertação de Mossul, em outubro de 2016, as forças do Iraque, que contam com os defensores de Nínive, conseguiram libertar quatro homens e três mulheres em Al-Hamdaniya.