Porém, com a passagem do tempo, as questões econômicas acabaram por ceder lugar a uma agenda internacional mais ampla, sendo que hoje quase 100% da discussão é dedicada a questões meramente políticas.
Cúpula 'nas margens' da conversa Putin-Trump?
Em tais casos, se costuma dizer que um encontro de altos responsáveis oficiais decorre "nas margens" de um evento maior, porém, nesta ocasião houve uma impressão que toda a cimeira se estava dando "nas margens" de uma só conversa. Além disso, para muitos especialistas, estas duas horas de conversação (inicialmente a assessoria de imprensa americana anunciou 30 minutos) foram ainda mais produtivas que os dois dias completos da cúpula.
Parecia que toda a atenção da mídia internacional estava focada neste "histórico" aperto de mão que, tomando em conta a recente dinâmica extremamente negativa dos laços russo-americanos, já era apresentado como algo de inédito.
Muita parra, pouca uva: em que resultou a cúpula?
Hoje em dia, se cria uma impressão que o único tema que é realmente capaz de provocar unanimidade entre as grandes potências é a luta contra o terrorismo internacional. Neste aspeto, todos os países têm manifestado consenso – no entanto, há que tomar em consideração que cada um interpreta esta luta à sua própria maneira, inclusive os EUA, que parecem estar combatendo o regime de Assad muito mais ativamente do que o próprio jihadismo.
Além disso, é amplamente conhecida a postura cética de Trump em relação às mudanças climáticas. Desta vez, o líder americano não perdeu a oportunidade de a manifestar, faltando à respectiva discussão para… se encontrar com Vladimir Putin. Os outros países, por sua vez, ressaltaram que lamentavam a saída americana dos acordos de Paris, mas reiteraram seu empenho nessas obrigações. Deste modo, outro aspecto importantíssimo da agenda do G20 também acabou por ficar na mesma sem quaisquer avanços.
'Bem-vindos ao Inferno!'
Para vários especialistas, a atmosfera na qual se deu a recente cúpula do G20 pareceu um ambiente "de guerra". Até houve receios que todo o evento fosse cancelado devido ao elevado perigo de provocações e atentados. Apesar de tudo, os líderes mundiais acabaram por se reunir como planejado, enquanto os antiglobalistas ocupavam as ruas de Hamburgo, convidando os políticos a ir para o "inferno".
Para protestar contra o triunfo do imperialismo, dezenas de milhares de pessoas vieram a Hamburgo. Vale ressaltar que tais protestos já viraram uma tradição em eventos de tal escala. Porém, neste ano as manifestações acabaram por semear o caos e vandalismo, com os manifestantes assaltando lojas e queimando carros de cidadãos comuns. Na sequência deste "inferno" autoproclamado, a Polícia de Hamburgo deteve quase 300 pessoas e comunicou sobre cerca de 500 policiais feridos.