Caminho para a Europa através da Síria
O jornalista russo Igor Garshkov explicou à Sputnik que o interesse da China pela Síria se deve à posição geopolítica do país árabe, que se encontra na encruzilhada das rotas que levam à Ásia Menor, à Europa e à Península Árabe.
Desde o ano de 2013 que Pequim tem estado elaborando o projeto da Nova Rota de Seda, ou seja, a criação de uma rede global de transporte que permitirá transportar cargas e passageiros entre a China e a Europa.
Um dos corredores desta rede deveria atravessar a Síria, em cuja economia a China tem investido de forma ativa desde o ano de 2011. A guerra que se desencadeou naquele ano afetou consideravelmente as impresas chinesas.
Enquanto isso, a edição Asia Times informou que os empresários chineses, que estão acostumados a atuar com cautela, se espantaram com o bombardeio americano da base aérea de Shayrat.
Não obstante, a situação atual na Síria parece favorecer a China, já que o gigante asiático voltou a falar sobre investimentos.
Particularmente, os empresários chineses e sírios abordaram a questão dos investimentos durante a reunião celebrada em 9 de julho em Pequim.
De acordo com Garshkov, os 2 bilhões de dólares que a China planeja investir na Síria se destinariam ao sistema de abastecimento de água e eletricidade do país árabe.
Para que China necessita do litoral sírio?
Os cofres governamentais sírios estão vazios, mas caso a paz se estabeleça, será realizada uma conferência internacional e aparecerão recursos, declarou à Sputnik o presidente do Centro de Comunicações Estratégicas, Dmitry Abzalov.
Nesta situação, a China tentará realizar aquilo que é visto como uma estratégia duradoura para aumentar sua presença na Síria.
"A China não somente constrói vias ferroviárias e linhas de transmissão elétrica, mas o faz utilizando sua própria tecnologia. Isso significa que a Síria precisará de especialistas chineses para realizar a manutenção desta infraestrutura", sublinhou.
Além de contratos vantajosos, Pequim pode ficar interessado no petróleo e gás sírios localizados nos arredores da cidade de Deir ez-Zor.
Segundo Garshkov, ao realizar seus projetos próximo das fronteiras destes Estados, a China pode tentar mostrar a Washington que está saindo do isolamento que Washington buscava.
'Dragão asiático' no Oriente Médio ameaça a Rússia?
Abzalov assinala que a chegada da China à Síria não afetará os interesses geopolíticos da Rússia em um futuro próximo.
Isso significa que Moscou e Pequim dividirão suas funções na Síria: a Rússia se encarregará da esfera militar e a China, por sua vez, da área econômica.
Anteriormente, as autoridades sírias já tinham deixado claro que a Rússia, junto com a China e o Irã, poderá participar da recuperação do país após a guerra.