No caso da Rússia, "a pressão econômica não é uma ferramenta eficaz para conseguir a submissão", admite o autor, recordando os fatos históricos como o cerco de 3 anos de Leningrado, o estalinismo, a Guerra Fria e as privatizações traumáticas, pelo menos na memória dos russos que "viram e sobreviveram a coisas muito piores".
Embora desde março de 2014 (pouco depois da reunificação da Crimeia e da Rússia), os EUA e a União Europeia tenham imposto cada vez mais sanções econômicas contra Moscou, o país eslavo tem conseguido se manter de pé, considera o jornalista.
"Se o objetivo destas sanções era causar danos à economia russa, muitos poderiam dizer que tiveram êxito, já que contribuíram em grande medida para a crise financeira russa de 2014. Se o objetivo era obrigar o presidente Vladimir Putin ou a população russa a capitular, então fracassaram", afirmou.
"Em vez de ceder aos desejos ocidentais, o presidente Putin prometeu expulsar 755 diplomatas americanos. Acima de tudo, os russos veem a nova rodada de sanções como um intento equivocado e pouco informado de intimidação e domínio ocidental", argumenta McCormick-McGeady.
"Washington nunca chegou a entender que os métodos de pressão sobre a Rússia não funcionam e que as sanções não podem ajudar a melhorar as relações", asseguraram os funcionários da embaixada russa em Washington, citados pelo jornalista, que frisa que provavelmente estas sanções não levam à reação desejada.
Para compreender a política externa russa, primeiro é preciso entender os russos, assegura o autor. É um povo particularmente consciente da sua história: o colapso da União Soviética reduziu a Rússia de uma potência global a uma potência regional e a um Estado capitalista em crise na década de 90.
A ascensão do presidente Putin ao poder nos anos 2000 "trouxe a estabilização, o crescimento e o progresso, ao mesmo tempo que reduziu o número de oligarcas e mafiosos", ressaltou.
No artigo admite-se que a adesão da Crimeia à Rússia realmente causou um aumento na aprovação do presidente Putin, já que se trata de um território historicamente russo.
"Perante a história, as sanções significam pouco. Os russos sobreviveram a condições econômicas muito piores e sabem como superar as adversidades", afirmou.
O certo é que os russos encaram as sanções como um desafio, assegura o artigo. Em lugar do que ocorreria em alguma população ocidental que se queixaria de uma inflação rápida e do desaparecimento dos bens de consumo, os russos têm orgulho em manter seu território.
"Este atual pacote de sanções do Congresso pode não parecer mais que um acidente de percurso [para a Rússia]. Resta saber se o Ocidente será capaz de lidar com a resposta", concluiu McCormick-McGeady.