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BRICS se fortalece como 'contestação hegemônica' com apoio de China a Putin contra avanços da OTAN
BRICS se fortalece como 'contestação hegemônica' com apoio de China a Putin contra avanços da OTAN
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A tentativa de forçar o endosso às sanções ocidentais antirrussas fracassou dentro do BRICS, grupo que aglutina Brasil, Índia, China e África do Sul, além da... 22.02.2023, Sputnik Brasil
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Embora acredite que a coalizão de países fique mais evidente em decorrência do conflito ucraniano, Gunther Richter Mros, doutor em história e professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), diz que o enfoque do BRICS é voltado para a dimensão financeira.Em sua percepção, o BRICS se tornou um "contraponto à ordem internacional construída no pós-Segunda Guerra Mundial", ou seja, uma "ressignificação da ordem criada em Bretton Woods", cidade de New Hampshire, nos EUA, que em 22 de julho de 1944 sediou o encontro que elaborou regras para o sistema monetário global e criou o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.Ainda que a Rússia tenha se tornado o país mais sancionado do mundo, de acordo com dados da plataforma Castellum.ai, o professor não vê uma ligação direta "entre o conflito e uma reforma do sistema financeiro".Atualmente há 14.022 sanções antirrussas vigentes, a maior parte delas proveniente de Estados Unidos, Suíça, Reino Unido, Canadá e União Europeia.Por outro lado, a Índia, país que atualmente preside o G20, está exercendo seu soft power no assunto: ministros das finanças e dos bancos centrais do Grupo dos 20 estão reunidos nesta semana, mas as autoridades indianas querem vetar a discussão de mais sanções contra a Rússia.Hoje (22), primeiro dia de reuniões para redigir o comunicado do G20, autoridades entraram em discussão sobre palavras para descrever o conflito entre Rússia e Ucrânia.A Índia quis formar um consenso sobre as palavras para descrevê-lo, chamando de "crise" ou "desafio", mas as discussões acabaram sem uma conclusão sobre o assunto.Sobre a volta de Luiz Inácio Lula da Silva, presidente brasileiro, ao poder, em seu terceiro mandato, o professor Gunther Richter Mros diz que ele é um "estadista, e como tal pensa no BRICS como uma importante plataforma para o desenvolvimento do Brasil".Ele vê a indicação da ex-presidente Dilma Rousseff para a presidência do banco do BRICS como "um gesto confuso, embora do ponto de vista simbólico seja bastante compreensível".Isso porque, em sua avaliação, a ex-presidente não se mostrou, durante seus mandatos, uma "pessoa hábil com a política internacional".Segundo o professor, a vontade de adesão ao grupo expressada por diversos países (Argélia, Argentina e Irã já formalizaram o pedido), pode alçar o BRICS a outro nível.Mas, acrescenta ele, é preciso saber como eventuais novos membros poderiam contribuir para uma proposta de ressignificação do sistema financeiro apresentada pelo BRICS.É possível estimar como estará o BRICS dentro de cinco anos?Segundo Mros, é uma pergunta difícil de ser respondida.
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BRICS se fortalece como 'contestação hegemônica' com apoio de China a Putin contra avanços da OTAN
17:40 22.02.2023 (atualizado: 18:25 22.02.2023) Especiais
A tentativa de forçar o endosso às sanções ocidentais antirrussas fracassou dentro do BRICS, grupo que aglutina Brasil, Índia, China e África do Sul, além da própria Rússia. Os membros se recusaram a aderir às retaliações econômicas contra Moscou e também resistiram à pressão para o envio de armas à Ucrânia.
Embora acredite que a coalizão de países fique mais evidente em decorrência do
conflito ucraniano, Gunther Richter Mros, doutor em história e professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), diz que
o enfoque do BRICS é voltado para a dimensão financeira.
"Todavia há uma relação de conflito geopolítico entre OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] e Rússia, com algum apoio velado da China ao presidente [da Rússia, Vladimir] Putin. Se fizermos a leitura de que o conflito da Rússia contra os avanços da OTAN possa estar unindo interesses dos dois membros mais poderosos do BRICS (China e Rússia), é claro que a coalizão do BRICS se fortalece, pois a natureza do grupo é de contestação à ordem hegemônica", observa.
Em sua percepção, o BRICS se tornou um "contraponto à ordem internacional construída no pós-Segunda Guerra Mundial", ou seja, uma "ressignificação da ordem criada em Bretton Woods", cidade de New Hampshire, nos EUA, que em 22 de julho de 1944 sediou o encontro que elaborou regras para o sistema monetário global e criou o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
Ainda que a Rússia tenha se tornado o país mais sancionado do mundo, de acordo com
dados da plataforma Castellum.ai, o professor não vê uma ligação direta "entre o conflito e uma reforma do sistema financeiro".
Atualmente há 14.022 sanções antirrussas vigentes, a maior parte delas proveniente de Estados Unidos, Suíça, Reino Unido, Canadá e União Europeia.
Por outro lado, a Índia,
país que atualmente preside o G20, está exercendo seu soft power no assunto: ministros das finanças e dos bancos centrais do Grupo dos 20 estão reunidos nesta semana, mas as autoridades indianas querem
vetar a discussão de mais sanções contra a Rússia.
"A Índia não está interessada em discutir ou apoiar quaisquer sanções adicionais contra a Rússia durante o G20", disse um dos oficiais indianos presentes nas reuniões. "As sanções existentes contra a Rússia tiveram um impacto negativo no mundo."
Hoje (22), primeiro dia de reuniões para redigir o comunicado do G20, autoridades entraram em discussão sobre palavras para descrever o conflito entre Rússia e Ucrânia.
A Índia quis formar um consenso sobre as palavras para descrevê-lo, chamando de "crise" ou "desafio", mas as discussões acabaram sem uma conclusão sobre o assunto.
20 de fevereiro 2023, 19:04
Sobre a volta de Luiz Inácio Lula da Silva, presidente brasileiro, ao poder, em seu terceiro mandato, o professor Gunther Richter Mros diz que ele é um "estadista, e como tal pensa no BRICS como uma importante plataforma para o desenvolvimento do Brasil".
"A política externa brasileira é muito profissional e talvez tenha sido o maior foco dos ataques da extrema-direita no governo anterior. É preciso, todavia, que o núcleo duro do poder decisório nessa seara entenda que os cenários do início do século mudaram bastante e que o próprio papel do BRICS precisa ser repensado com cautela", avalia Mros.
Ele vê a indicação da ex-presidente Dilma Rousseff para a presidência do banco do BRICS como "um gesto confuso, embora do ponto de vista simbólico seja bastante compreensível".
Isso porque, em sua avaliação, a ex-presidente não se mostrou, durante seus mandatos, uma "pessoa hábil com a política internacional".
Segundo o professor, a vontade de adesão ao grupo expressada por diversos países (Argélia, Argentina e Irã já formalizaram o pedido), pode alçar o BRICS a outro nível.
Mas, acrescenta ele, é preciso saber como eventuais novos membros poderiam contribuir para uma proposta de ressignificação do sistema financeiro apresentada pelo BRICS.
"As motivações desses candidatos ao grupo podem ser simplesmente a marginalidade deles no processo decisório das instituições de Breton Woods (o Banco Mundial tem sempre a direção de um norte-americano, e o FMI, de um europeu ocidental). É preciso saber se o que se propõe como mudanças sistêmicas será de fato efetivo em termos concretos", opina.
16 de fevereiro 2023, 18:02
É possível estimar como estará o BRICS dentro de cinco anos?
Segundo Mros, é uma pergunta difícil de ser respondida.
"Há muitos cenários possíveis, inclusive de ampliação do conflito na Ucrânia ou de início de um outro entre EUA e China. Nas relações internacionais costuma-se chamar de paz os períodos em que não há conflito direto entre as grandes potências. A violência de muitos conflitos espalhados pelo planeta recebem menos atenção da grande mídia. Quando temos gigantes em rota de colisão, a história é diferente. O futuro do BRICS será ditado pela geopolítica clássica, embora a origem desse grupo em 2009 tenha sido a de buscar uma possível reforma econômica sistêmica."
17 de janeiro 2023, 19:19