Mídia: guerra comercial dos EUA com China se aproxima e comissário da UE propõe 'Europa em 1º lugar'
© AP Photo / Virginia MayoO francês Stéphane Séjourné, indicado para vice-presidente executivo da Comissão Europeia para Prosperidade e Estratégia Industrial, discursa durante sua audiência de confirmação no Parlamento Europeu em Bruxelas, 12 de novembro de 2024
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O novo chefe da indústria da União Europeia (UE), Stéphane Séjourné, propôs usar a lógica de Trump, mas pondo a "Europa em primeiro lugar", visando o risco de o bloco acabar se prejudicando com uma possível guerra comercial entre China e EUA em função da política de tarifas anunciada pelo futuro presidente norte-americano.
Conforme Donald Trump se aproxima do dia de sua posse na Casa Branca, mais preocupado se torna o bloco europeu em função da possível implementação de tarifas prometida por Trump, que ameaça não apenas desestabilizar o comércio internacional, mas produzir efeitos colaterais intensos nas cadeias de produção.
De acordo com o Financial Times (FT), o vice-presidente da Comissão Europeia e comissário para a Prosperidade e Estratégia Industrial, Stéphane Séjourné, teme que a Europa se torne "uma vítima colateral de uma guerra comercial global".
Com o objetivo de tentar restaurar a competitividade industrial europeia, que tem sofrido duros baques desde a crise de 2008, a nova Comissão tem manifestado diferentes opiniões sobre como tentar mitigar o problema. Algumas vozes têm manifestado o desejo de aprofundar as relações com os EUA, em uma tentativa de barganhar um lugar privilegiado na lista de tarifas de Trump, enquanto outras, como Séjourné, têm pensado em reverter a lógica para proteger seu mercado doméstico.
"Acredito fundamentalmente que a Europa tem tudo a ganhar por estar aberta ao mundo", disse Séjourné, de acordo com a apuração. Mas "quando a China diz 'Made in China' [Feito na China] ou os EUA dizem 'America First' [América em Primeiro Lugar], devemos dizer: 'Made in Europe' [Feito na Europa] ou 'Europe First' [Europa em Primeiro Lugar]".
A preocupação do comissário é que, com o "fechamento" do mercado dos EUA, a Europa acabe se tornando um destino frágil para o escoamento da produção, que facilmente poderia minar sua capacidade produtiva.
"Não se trata de protecionismo, porque a Europa realmente não tem interesse em uma guerra comercial global", acrescentou a autoridade, afirmando que o crescimento é fruto do desenvolvimento estratégico das indústrias europeias.
Mas protecionismo tem sido uma palavra recorrente nas análises econômicas sobre o que o mundo pode experimentar já em janeiro de 2024 com a chegada de Trump à Casa Branca pela segunda vez. Indústrias tidas como "históricas" na Europa têm sofrido efeitos devastadores, quer seja pelos preços praticados pelo setor energético, quer seja pela "invasão" de produtos chineses que conseguem praticar preços mais baixos em função dos custos de produção e alta escala.
"Queremos dar vida a uma política industrial europeia e a uma doutrina econômica, que não tivemos até agora", disse Séjourné. Sua afirmação, no entanto, tem como pano de fundo uma série de esforços para contornar problemas com a indústria criativa europeia e as perdas de centenas de milhões em investimento.