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'Meu filho ficou sob escombros': haitiano relembra terremoto que devastou seu país em 2010
'Meu filho ficou sob escombros': haitiano relembra terremoto que devastou seu país em 2010
Sputnik Brasil
Quinze anos após o desastre que matou milhares após um terremoto no Haiti, a Sputnik Brasil conversou com um sobrevivente da tragédia que encontrou no Brasil a... 12.01.2025, Sputnik Brasil
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Era uma terça-feira. Robert Montinard estava sentado na sala de sua casa, em Porto Príncipe, com esposa, filhos e seu melhor amigo, músico como ele. Em dez segundos tudo ruiu. A cena de harmonia, em um piscar de olhos, se esvaiu. O terremoto de magnitude 7,3 na escala Richter que atingiu o Haiti naquele 12 de janeiro de 2010 deixou milhares de haitianos mortos no sismo, além de milhões afetados pelo desastre que arrasou a capital. Antes daquela fração de segundos Montinard não pensava em deixar seu país natal. Naquela altura ele trabalhava para a Organização das Nações Unidas (ONU), ganhava em dólares. Portanto, não havia uma necessidade econômica que o forçasse a imigrar. Quando o mediador de conflitos, produtor cultural e musical relembra o episódio catastrófico, ele descreve que a magnitude do estrago foi se revelando aos poucos. Primeiro, pensou ser algo estrito à sua casa, talvez por má condição da estrutura. Depois, ao sair dos escombros e ver a poeira que pairava sobre o bairro que morava, foi se dando conta que tudo estava completamente destruído. O terremoto havia devastado Porto Príncipe e derrubado a casa de Montinard. Um dos filhos dele não conseguiu ser retirado dos escombros neste meio tempo. Além dele, o amigo músico que estava na sua casa naquele fatídico dia também ficou preso nos destroços e morreu no local.Após passar dois dias ali, Montinard foi buscado de moto no local onde estava abrigado. Todas as ruas estavam bloqueadas e pouco a pouco ele foi recebendo informações sobre a situação no país: hospitais, cadeias e o Palácio Nacional do Haiti todos destruídos. Montinard e a família foram levados para a Ilha de Guadalupe, no Caribe. Ele relembra que seu primeiro atendimento não foi frisado em sua saúde física. "Eles me entregaram para a psicóloga direto, a parte da cirurgia não foi prioridade", conta. Três dias após a chegada na ilha, o mediador de conflitos recebeu uma mensagem de que seu filho havia sido retirado dos escombros com vida. Aí, sim, conseguiu se sentir psicologicamente melhor. Depois de passar por cirurgias, Montinard voltou ao Haiti, pensava que podia ficar para ajudar a reestruturar o país. Mas, além da cidade debaixo dos escombros, chegara no território a cólera, doença que se espalhou após o terremoto e que matou milhares de pessoas. "E a reconstrução não anda rápido, tanto que seis meses depois do terremoto, estava tudo bem fresquinho, [o chão] estava tremendo ainda", recorda. Forçado, como faz questão de frisar, Montinard tomou a decisão de deixar o Haiti. Vinda ao BrasilCanadá, Estados Unidos e França naquela altura pareciam destinos mais razoáveis para imigrantes haitianos. Montinard, no entanto, preferiu mudar a rota. Em dezembro de 2010, ele veio ao Rio de Janeiro para "passear e tentar tratar sua saúde mental", afinal, o impacto após a tragédia era evidente. A intenção não era migrar para o Brasil, mas ao conhecer a cultura e a sociedade brasileira, ele escolheu aqui como seu novo lar. Sem ajuda institucional, as assistências vinham de padres, irmãs de caridade, pastores. Montinard conta que até 2016 ficou sem documentos e sem a possibilidade de obter um trabalho formal no Brasil. Para que os imigrantes haitianos não tivessem que lidar com os problemas da mesma forma que lidou, Montinard criou no Brasil a Fundação Mawon, que atua com o objetivo de promover direitos e auxiliar na integração socioeconômica e cultural dos imigrantes e refugiados.No Brasil, o ativista social descreve que economicamente eles vão à luta igual aos brasileiros. Muitos, se entenderem que o Brasil "não vai dar, eles saem". Ele ressalta, também, que há a parte social e seus desafios e preocupações: a distância, a saudade, a parte psicossocial e as questões raciais. "No Brasil, se você é negro, tem que entender: você vai enfrentar racismo todo dia".Há 14 anos no Brasil, Montinard segue tocando sua associação, que já impactou mais 12 mil imigrantes e entregou mais de 18 mil documentos. No ano passado, ele participou do G20 Social e junto a representantes da ONU e representantes da cooperativa dos catadores entregou propostas ao governo. Neste ano, Montinard já se mobiliza para preparar ações para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30. Segundo ele, a ideia é juntar refugiados, indígenas, diversas outras minorias sociais, "fazer uma ponte no Rio Grande do Sul, para levar também essas vítimas, para fazer um giga evento, antes de ter as propostas prontas para entregar no dia oficial", revela. Montinard reconhece ser uma pessoa privilegiada, que saiu do Haiti com um bom emprego, mas demorou cinco anos para conseguir trabalhar no Brasil, o que tem seus efeitos colaterais para a manutenção, sobretudo em uma cidade como o Rio de Janeiro. Quinze anos depois: por que o Haiti tem dificuldades de se reestruturar?Para entendermos a dificuldade do Haiti se restabelecer após o terremoto de 2010 é preciso reconsiderar as adversidades enfrentadas pelo país desde sua independência. O professor contextualiza que o Haiti gerou muita riqueza durante o período de colonização, tanto que após a revolução haitiana, a França aceita a independência da antiga colônia em troca de uma grande quantidade de dinheiro como "compensação" aos colonos escravagistas. A longo prazo, segundo Agulló, essa compensação acabou virando um pesadelo histórico para o país. As vulnerabilidades adquiridas ao longo da história deixaram um país paupérrimo à mercê da própria sorte quando enfrenta desastres naturais — que não se restringe somente ao terremoto de 2010. Em sua localização na América Central, o Haiti já foi vítima também de furacões e outros terremotos, por exemplo.Soma-se a isso a instabilidade política que assola o país caribenho. A professora doutora Ana Carolina Marson ressalta que o país enfrenta "um problema histórico de instabilidade política", no qual "pouquíssimos os políticos ficaram por muito tempo no poder". Além disso, o Haiti passou por diversas intervenções externas que contribuíram para deixar as instituições político-econômicas muito instáveis. Relações entre Brasil e HaitiAs relações entre os dois países são marcadas sobretudo pela Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (MINUSTAH), missão de paz criada pelo Conselho de Segurança da ONU e chefiada pelo Brasil. Ela durou 13 anos, sendo finalizada em 2017. De acordo com Marson a missão "tinha um propósito bom, mas foi mal executada". Agulló, por sua vez, ressalta que a avaliação histórica do evento é complexa.Agulló traz ainda um dado importante e, em seguida, um questionamento: "desde 2010 mais de 150 mil haitianos passaram pelo Brasil. A pergunta agora é: porque o Brasil não tem mais disposição para se engajar novamente em um contexto, mais uma vez, extremamente complexo para o Haiti?"
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américas, mundo, brasil, haiti, estados unidos, onu, conselho de segurança das nações unidas, terremoto, desastre, imigração, minustah, diplomacia, furacão, reconstrução, caribe, história, conflito, porto príncipe, exclusiva
Era uma terça-feira. Robert Montinard estava sentado na sala de sua casa, em Porto Príncipe, com esposa, filhos e seu melhor amigo, músico como ele. Em dez segundos tudo ruiu. A cena de harmonia, em um piscar de olhos, se esvaiu.
"Parecia uma bomba que caía em cima da casa em 10 segundos", descreveu Montinard.
O terremoto de magnitude 7,3 na escala Richter que atingiu o Haiti naquele 12 de janeiro de 2010 deixou milhares de haitianos mortos no sismo, além de milhões afetados pelo desastre que arrasou a capital.
Antes daquela fração de segundos Montinard não pensava em deixar seu país natal. Naquela altura ele trabalhava para a Organização das Nações Unidas (ONU), ganhava em dólares. Portanto, não havia uma necessidade econômica que o forçasse a imigrar.
"Eu saí com um gosto amargo, saí do meu conforto, saí do meu país", recorda sobre o tempo que teve que deixar e vir para o Brasil.
4 de novembro 2020, 13:27
Quando o mediador de conflitos, produtor cultural e musical relembra o episódio catastrófico, ele descreve que a magnitude do estrago foi se revelando aos poucos.
Primeiro, pensou ser algo estrito à sua casa, talvez por má condição da estrutura. Depois, ao sair dos escombros e ver a poeira que pairava sobre o bairro que morava, foi se dando conta que tudo estava
completamente destruído.
O terremoto havia devastado Porto Príncipe e derrubado a casa de Montinard. Um dos filhos dele não conseguiu ser retirado dos escombros neste meio tempo.
Além dele, o amigo músico que estava na sua casa naquele fatídico dia também ficou preso nos destroços e morreu no local.
"Eu passei dois dias na rua, sem comunicação. Fiquei em um campo de futebol perto da minha casa, onde todo mundo foi abrigado, junto com pessoas que estavam mortas também."
Após passar dois dias ali, Montinard foi buscado de moto no local onde estava abrigado. Todas as ruas estavam bloqueadas e pouco a pouco ele foi recebendo informações sobre a situação no país: hospitais, cadeias e o Palácio Nacional do Haiti todos destruídos.
"Alguém teve a ideia de me levar para o aeroporto com minha família, e, ao chegar no aeroporto, vários aviões que estavam carregando as pessoas para serem atendidas fora [do país]. Eu fui lá fora para ser atendido junto com a minha mulher e um dos meus filhos, deixando o outro filho embaixo dos escombros."
Montinard e a família foram levados para a
Ilha de Guadalupe, no Caribe. Ele relembra que seu primeiro atendimento não foi frisado em sua saúde física. "
Eles me entregaram para a psicóloga direto, a parte da cirurgia não foi prioridade", conta.
Três dias após a chegada na ilha, o mediador de conflitos recebeu uma mensagem de que seu filho havia sido retirado dos escombros com vida. Aí, sim, conseguiu se sentir psicologicamente melhor.
Depois de passar por cirurgias, Montinard voltou ao Haiti, pensava que podia ficar para ajudar a reestruturar o país.
Mas, além da cidade debaixo dos escombros, chegara no território a cólera, doença que se espalhou após o terremoto e que matou milhares de pessoas
. "E a reconstrução não anda rápido, tanto que seis meses depois do terremoto, estava tudo bem fresquinho, [o chão] estava tremendo ainda", recorda.
"A partir daí eu comecei a entender. Todo mundo começou a falar para mim: 'Olha, cara, se você ficar aí, você vai morrer e não vai poder proteger a sua família, as pessoas que você ama. Não adianta você ficar para ajudar", conta.
Forçado, como faz questão de frisar, Montinard tomou a decisão de deixar o Haiti.
Canadá, Estados Unidos e França naquela altura pareciam destinos mais razoáveis para imigrantes haitianos. Montinard, no entanto, preferiu mudar a rota.
Em dezembro de 2010, ele veio ao Rio de Janeiro para "passear e tentar tratar sua saúde mental", afinal, o impacto após a tragédia era evidente.
A intenção não era migrar para o Brasil, mas ao conhecer a cultura e a sociedade brasileira, ele escolheu aqui como seu novo lar.
"Cheguei num Brasil em que as leis de imigração não estavam atualizadas. Não teve essa questão de instituições que atendem imigrantes, muitas coisas."
Sem ajuda institucional, as assistências vinham de padres, irmãs de caridade, pastores. Montinard conta que até 2016 ficou sem documentos e sem a possibilidade de obter um trabalho formal no Brasil.
"Demorei cinco anos nessa situação que prejudicava a minha vida, eu demorei para entender português, para falar português, minhas competências não foram validadas aqui no Brasil, eu deveria voltar a estudar. Então, todo esse processo deixa um prejuízo de cinco anos na vida de um pai de família que não conseguiu atuar na sua própria competência", relata, afirmando que teve que "se virar de todo jeito" para sustentar a família até obter seus direitos legais.
Para que os imigrantes haitianos não tivessem que lidar com os problemas da mesma forma que lidou, Montinard criou no Brasil a
Fundação Mawon, que atua com o objetivo de promover direitos e auxiliar na integração socioeconômica e cultural dos
imigrantes e refugiados.
No Brasil, o ativista social descreve que economicamente eles vão à luta igual aos brasileiros. Muitos, se entenderem que o Brasil "não vai dar, eles saem".
"Muitos imigrantes saem do Brasil e vão cruzar a América Latina para chegar ao México, para entrar nos Estados Unidos ou em outro país, onde eles acham que vão se tornar uma diáspora e vão poder ajudar de verdade os contemporâneos que eles deixaram para trás", explica.
Ele ressalta, também, que há a parte social e seus desafios e preocupações: a distância, a saudade, a parte psicossocial e as questões raciais. "No Brasil, se você é negro, tem que entender: você vai
enfrentar racismo todo dia".
Há 14 anos no Brasil, Montinard segue tocando sua associação, que já impactou mais 12 mil imigrantes e entregou mais de 18 mil documentos.
No ano passado, ele
participou do G20 Social e junto a representantes da ONU e representantes da cooperativa dos catadores entregou propostas ao governo. Neste ano, Montinard já se mobiliza para preparar ações para a
Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30. Segundo ele, a ideia é juntar refugiados, indígenas, diversas outras minorias sociais, "fazer uma ponte no Rio Grande do Sul, para levar também essas vítimas, para fazer um giga evento, antes de ter as propostas prontas para entregar no dia oficial", revela.
Montinard reconhece ser uma pessoa privilegiada, que saiu do Haiti com um bom emprego, mas demorou cinco anos para conseguir trabalhar no Brasil, o que tem seus efeitos colaterais para a manutenção, sobretudo em uma cidade como o Rio de Janeiro.
"Eu passei muitas coisas. Eu não sou a referência de um imigrante que sofre mais, ou o perfil de um imigrante que sofre mais, mas sou um exemplo que faz entenderem sobre superação", arremata.
Quinze anos depois: por que o Haiti tem dificuldades de se reestruturar?
Para entendermos a dificuldade do Haiti se restabelecer após o terremoto de 2010 é preciso reconsiderar as adversidades enfrentadas pelo país desde sua independência.
"Quando a gente fala de eventos como o terremoto e de um impacto estrutural tão profundo e tão longo na vida do país ficam faltando elementos. O Haiti é um dos países mais pobres da América Latina e do mundo, com certeza, mas é importante lembrar porque isso é assim", ressalta Juan Agulló, professor e pesquisador de economia, sociedade e política da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).
O professor contextualiza que o Haiti gerou muita riqueza durante o período de colonização, tanto que após a revolução haitiana, a França aceita a independência da antiga colônia em troca de uma grande quantidade de dinheiro como "compensação" aos colonos escravagistas.
A longo prazo, segundo Agulló, essa compensação acabou virando um pesadelo histórico para o país.
"Pagar constantemente dívida e juros, que crescem e crescem, é uma carga terrível para qualquer economia; agora, imagine para o Haiti. Ao mesmo tempo essa dívida é uma garantia de relações complexas com os devedores: agora imagine, novamente, para o Haiti se a gente considera essa variável histórica (dívida) para compreender melhor o círculo vicioso de pobreza, exclusão, ditaduras, intervenções externas que o Haiti vem sofrendo há mais de 200 anos", explica.
30 de setembro 2024, 12:42
As vulnerabilidades adquiridas ao longo da história deixaram um país paupérrimo à mercê da própria sorte quando enfrenta desastres naturais — que não se restringe somente ao terremoto de 2010. Em sua localização na América Central, o Haiti já foi vítima também de furacões e
outros terremotos, por exemplo.
Soma-se a isso a instabilidade política que assola o país caribenho. A professora doutora Ana Carolina Marson ressalta que o país enfrenta "um problema histórico de instabilidade política", no qual "
pouquíssimos os políticos ficaram por muito tempo no poder". Além disso, o Haiti passou por
diversas intervenções externas que contribuíram para deixar as instituições político-econômicas muito instáveis.
"Óbvio que isso vai repercutir em todos os aspectos da vida cotidiana da população, eles vão ter muita dificuldade mesmo para conseguir se recuperar de um evento como esse", destaca Marson.
Relações entre Brasil e Haiti
As relações entre os dois países são marcadas sobretudo pela
Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (MINUSTAH), missão de paz criada pelo Conselho de Segurança da ONU e
chefiada pelo Brasil. Ela durou 13 anos, sendo finalizada em 2017.
De acordo com Marson a missão "tinha um propósito bom, mas foi mal executada". Agulló, por sua vez, ressalta que a avaliação histórica do evento é complexa.
"Por um lado, para além da manutenção da situação — que acabou explodindo anos depois — é difícil conseguir resultados (medidos em termos de governança) especialmente se a importação clandestina de armas desde os Estados Unidos não para e a violência política aumenta. De outro lado, está a imigração de haitianos para o Brasil que ajudou a resolver situações muito difíceis para famílias inteiras", avalia o especialista.
Agulló traz ainda um dado importante e, em seguida, um questionamento: "desde 2010 mais de 150 mil
haitianos passaram pelo Brasil. A pergunta agora é: porque o Brasil não tem mais disposição para se engajar novamente em um contexto, mais uma vez, extremamente complexo para o Haiti?"
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