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EUA correm risco de 'insistir no erro' em negociações com a Rússia, aponta analista

© Sputnik / Agência anfitriã brics-russia2024.ru / Acessar o banco de imagensVladimir Putin, presidente da Rússia, conversa com jornalistas ao final da XVI Cúpula do BRICS. Kazan, 24 de outubro de 2024
Vladimir Putin, presidente da Rússia, conversa com jornalistas ao final da XVI Cúpula do BRICS. Kazan, 24 de outubro de 2024  - Sputnik Brasil, 1920, 24.03.2025
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Em recente entrevista ao jornalista estadunidense Tucker Carlson, o enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff, revelou os entendimentos norte-americanos para o conflito. No entanto, à Sputnik Brasil, Tito Lívio, membro pesquisador do Centro de Investigação sobre Rússia, Eurásia e Espaço Pós-Soviético (CIRE), dá um alerta.
"Não há clareza de que o governo de Washington está disposto a fazer com que Kiev abdique de suas pretensões em relação à adesão à Aliança Atlântica", declara o especialista à reportagem.

Por que os EUA se enganam?

Durante entrevista ao jornalista norte-americano, Witkoff destacou que os Estados Unidos estão buscando um acordo em que todas as partes — Rússia, Ucrânia e até mesmo União Europeia — se sintam satisfeitas. "Quando eu digo satisfeitos, quero dizer que sintam que conseguiram algo do acordo", afirmou.
Para Tito Lívio, pesquisador do CIRE e mestre em estudos estratégicos de defesa e segurança, as falas do enviado especial demonstram que Washington pode ainda não ter compreendido o que está no cerne do conflito.
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Uma das perguntas de Carlson gira em torno da expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para perto das fronteiras da Rússia, o que o jornalista vê como principal ponto de contenção do conflito.
Witkoff, no entanto, afirma que em sua visão o principal ponto do conflito ucraniano se refere às regiões que pleitearam sua junção à Federação da Rússia: Lugansk, Donetsk, Zaporozhie, Kherson e Crimeia.

"Witkoff fala muito dos territórios russófilos e russófonos no leste e no sul da Ucrânia, mas ele fala muito pouco sobre a permanência da adesão à OTAN na Constituição da Ucrânia. E a raiz está aí."

Segundo o especialista, a própria menção ao plebiscito realizado nessas regiões em 2022 é um avanço, porém reflexo muito mais da realidade em solo do que boa vontade política. Com o fracasso da ofensiva ucraniana de 2023, o Ocidente percebeu que "a solução militar não era mais viável" e que teria que "reconhecer a autoridade russa nessas regiões".
Entretanto, diz Lívio, "O objetivo da guerra não é uma anexação territorial, como ocorria no século XIX."

"Achar que Moscou vai se satisfazer com uma anexação territorial é insistir no erro. A anexação territorial é uma consequência da postura ucraniana em querer se integrar à Aliança Atlântica."

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Kiev quer 'proteção' com artigo 5

Nesse ponto, Witkoff falou que o regime de Kiev, em especial Vladimir Zelensky e seu principal braço direito, Andrei Yermak, já perceberam que a adesão à OTAN não virá. Dessa forma, o que se discute é algum tipo de "garantia de segurança" ao país, como sua inclusão no artigo 5 da Aliança.

Considerado um artigo basilar da aliança, o artigo 5 determina que o ataque a um membro da OTAN é considerado um ataque contra todos os outros, garantindo assim um pacto de defesa mútua para os membros.

O pesquisador do CIRE afirma que esse tipo de salvaguarda jamais funcionará para a Rússia, uma vez que colocaria a Ucrânia na estrutura da aliança euro-atlântica de maneira não oficial.
"A Ucrânia entraria na aliança, de fato, mas não de jure", diz Lívio. "E os Estados Unidos têm um histórico de criar meandros jurídicos para sedimentar relações estratégicas com países sem entrar necessariamente em alianças formais, como Taiwan."
Sendo assim, uma entrada "não oficial" da Ucrânia na OTAN não garante a redução da presença dessas tropas na fronteira russa. Pelo contrário, pode até aumentar, contrariando os desejos do Kremlin de neutralidade ucraniana.
"A Rússia não impõe que a Ucrânia precisa ter um governo pró-russo", esclarece o especialista. "O presidente Vladimir Putin não fala da Ucrânia integrada na OTSC ou na OCX. Ele quer que a Ucrânia fique de fora desse balanço estratégico, que já é desvantajoso para a Rússia."
Com sua segunda maior cidade, São Petersburgo, na mira de dois países da OTAN, Finlândia e Estônia, a correlação estratégica já é assimétrica, e a possível entrada da Ucrânia na aliança "foi a gota d'água", analisa Lívio.

"Se a Guerra Fria acabou, e a Rússia não constitui mais uma ameaça, qual a razão da existência da Aliança? Qual a razão de ela ter ampliado as suas atribuições? Essas são as perguntas que não são respondidas, independentemente de quem está no poder, republicanos ou democratas."

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