Os dados são do estudo inédito "Grande Rio sob disputa: mapeamento dos confrontos por território", que foi realizado pelo Instituto Fogo Cruzado e pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (GENI), da Universidade Federal Fluminense (UFF), e divulgado nesta quarta-feira (5) pela Agência Brasil. Apesar do montante, mais da metade dos bairros do Grande Rio não foram afetados por nenhum tipo de ocorrência.
Conforme a diretora de Dados e Transparência do Instituto Fogo Cruzado, Maria Isabel Couto, grande parte das áreas são afetadas por eventos pontuais. "São violências episódicas. Não são violências crônicas. Na média, só 3,7% dos bairros, a cada ano, foram afetados por conflitos regulares e de alta intensidade […]. Se são aplicados recursos de guerra, como fuzis, de forma indiscriminada em áreas de baixa intensidade e de baixa regularidade de conflitos, agrava-se a violência. A violência está na parte do problema e da solução. O que se vê é a polícia atuando de forma indiscriminada e, às vezes, tornando-se parte do problema", declarou à Agência Brasil.
Concentração dos confrontos
Conforme o estudo, os confrontos estão concentrados em determinadas áreas, muitas vezes sem padrão geográfico. Os índices também apontam que em maioria envolvem ocorrências policiais: em 70% das áreas dominadas pelo tráfico há militares nos embates, enquanto na região dominada pela milícia o índice cai para 31,6%.
"Existe um padrão de desigualdade muito grande. Sob outra abordagem, vê-se que para cada área dominada por facções do tráfico afetada por confrontos sem a polícia, há cinco bairros afetados por confrontos policiais. No caso da milícia, nessa mesma comparação, é um para um. Ou seja, cada área de milícia que tem confrontos sem a presença da polícia tem em contrapartida uma área de milícia que registra confrontos policiais", finalizou.