"A violência estrutural e a exclusão endêmicas, que desumanizam pessoas de grupos raciais e étnicos marginalizados, causam danos muitas vezes irreparáveis e tornam as pessoas invisíveis na sociedade, sendo consistentemente articuladas para mim como características integrais do racismo sistêmico no Brasil", disse ela em seu último dia no país após 11 dias reunindo-se com representantes dos governos federal e estadual, representantes da sociedade civil e comunidades que sofrem discriminação racial.
"Ficou extremamente evidente, após minha visita, que pessoas afrodescendentes, povos indígenas, comunidades quilombolas, romani e pessoas pertencentes a outros grupos raciais e étnicos marginalizados no Brasil, incluindo aqueles que enfrentam discriminação interseccional com base em deficiência, gênero, status LGBTQIA+ e/ou ser pessoa migrante ou refugiada, experimentam formas multifacetadas, profundamente interconectadas e generalizadas de racismo sistêmico", declarou Ashwini em coletiva de imprensa.
"O ritmo atual de mudança não parece corresponder à gravidade da situação sofrida por pessoas de grupos raciais e étnicos marginalizados. Existem lacunas significativas na implementação e no alcance de leis e políticas, e o progresso em direção à justiça racial é muito lento", opinou. "As pessoas de grupos raciais e étnicos marginalizados no Brasil já esperaram tempo demais por justiça e igualdade racial. A própria vida e existência de pessoas marginalizadas depende de ação mais ousada e urgente", afirmou.
Política brasileira e eleições
"Estou muito preocupada com relatos de representação política muito baixa de grupos raciais e étnicos marginalizados, incluindo afrodescendentes, povos indígenas, comunidades quilombolas e romani em órgãos políticos e de tomada de decisão, incluindo o Congresso Nacional e órgãos estaduais e municipais", declarou.
"Exorto veementemente o Brasil a tomar todas as medidas necessárias para evitar qualquer forma de violência política durante as próximas eleições municipais."