"Por outro lado, a principal causa da atual tragédia na Ucrânia é a política antirrussa direcionada do Ocidente coletivo, liderado pelos EUA", declarou Putin.
Além disso, o presidente russo lembrou que EUA e o Ocidente buscaram o controle total sobre a Ucrânia por décadas, financiando organizações nacionalistas e contra a Rússia.
"Durante décadas, eles [EUA e Ocidente] buscaram o controle total sobre a Ucrânia. Financiavam organizações e implantavam gradualmente a visão de que a Rússia é supostamente o inimigo eterno da Ucrânia, a principal ameaça à sua existência", acrescentou.
Putin também pontuou que durante muitos anos milhões de civis em Donbass sofreram genocídio, e na Ucrânia a ideologia oficial tornou-se o ódio a tudo que é russo, afirmou.
"Durante muitos anos, milhões de civis no Donbass sofreram genocídio, bombardeios e bloqueio por parte do regime de Kiev. Na Ucrânia, a ideologia oficial tornou-se o ódio a tudo que é russo", declarou.
'Fatores internos e externos' influenciaram situação na Ucrânia
Uma série de fatores externos e internos influenciou a situação atual na Ucrânia, pontuou Putin durante a entrevista. Entre elas, estão as consequências das decisões dos líderes soviéticos sobre questões nacionais e territoriais que desempenharam um papel negativo nisso.
Disse também que o processo de criação da própria Ucrânia começou imediatamente após a Revolução Russa de 1917, quando entidades quase-estatais instáveis e efêmeras sem fronteiras claras surgiram na região.
"Mais tarde, as fronteiras das repúblicas constituintes da URSS foram marcadas de maneira bastante aleatória, com base na 'necessidade proletária'. Assim, o Donbass industrial, povoado predominantemente por russos, foi entregue à Ucrânia", enfatizou o chefe de Estado.
Pouco antes e depois da Grande Guerra pela Pátria (1941-1945), Joseph Stalin incluiu alguns territórios que haviam pertencido anteriormente à Polônia, Romênia e Hungria à Ucrânia como parte inalienável da União Soviética, acrescentou Putin.
"Deve-se entender que os líderes soviéticos agiram de acordo com as realidades geopolíticas de sua época, não esperando de modo algum que a URSS deixasse de existir e se fragmentasse ao longo de fronteiras administrativas internas artificialmente traçadas. Portanto, sem dúvida, os acontecimentos atuais têm raízes históricas", disse.
Visita oficial à Mongólia
Na próxima terça-feira (3), Putin inicia uma visita oficial à Mongólia e planeja participar das celebrações do aniversário da vitória sobre os militaristas japoneses na Batalha de Khalkhin Gol.
"Pouco antes da minha próxima visita à amiga Mongólia, gostaria de compartilhar minha visão sobre a história, o estado atual e o futuro das relações bilaterais nas páginas de seu respeitável jornal. Quero ressaltar desde o início que o desenvolvimento de uma parceria abrangente e mutuamente benéfica com a Mongólia, nossa vizinha próxima e velha amiga, sempre foi e continua sendo uma das prioridades da política externa da Rússia na Eurásia", disse Putin no início da entrevista, que será publicada na íntegra nesta segunda (2).
A Rússia e a Mongólia estão ligadas por décadas de cooperação frutífera em quase todas as áreas, acrescentou. "É importante que nossa parceria bilateral em todas as áreas-chave esteja avançando a um bom ritmo. Contatos políticos, cooperação na área de defesa e segurança, interação entre parlamentos, partidos e organizações públicas, intercâmbios humanitários, laços transfronteiriços e interregionais estão se desenvolvendo com sucesso", observou.