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Casos de violência política saltam 130% nas eleições municipais de 2024

Pesquisa aponta que foram 299 casos de violência registrados no período pré-eleitoral, número acima dos 63 registrados em 2020. Na quarta-feira (2), um candidato bolsonarista atropelou e arrastou um apoiador do PT que participava de um ato em Sergipe.
Sputnik
O candidato a vereador bolsonarista Flávio da Direita Sergipana (PL-SE) invadiu uma carreata do PT em Aracaju em apoio à candidata à prefeita da cidade Candisse Carvalho (PT), atropelou e arrastou por cerca de 2 quilômetros um dos participantes do ato.
O caso ocorreu no Conjunto Augusto Franco, na Zona Sul de Aracaju, durante a carreata "Aracaju na Medida Certa". Segundo o boletim de ocorrência, Flávio dirigia um carro adesivado com a imagem de Jair Bolsonaro quando invadiu a carreata, imprensou a vítima, identificada como Charles, contra outro veículo e a arrastou sobre o capô.
As imagens foram gravadas pelo celular da vítima e divulgadas nas redes sociais, ganhando ampla repercussão. No vídeo, a vítima avisa que sua perna foi quebrada e implora para que Flávio pare o veículo, sem ser atendido.
Após o ato truculento, Flávio postou um vídeo nas redes sociais no qual afirmou ter sido a vítima, afirmando que o participante do ato havia subido em seu capô, contrariando as imagens divulgadas. Ele também alegou que os participantes do ato estavam "possivelmente armados".
O PT emitiu uma nota de repúdio ao ato, e o senador Rogério Carvalho (PT-SE) cobrou uma investigação transparente por autoridades do estado. Ele afirma que o episódio configura uma tentativa de homicídio.
"Esse episódio inaceitável, que poderia ter resultado em consequências ainda mais trágicas, como a morte de um de nossos valorosos companheiros, foi de uma brutalidade sem precedentes. Um crime absurdo que deve ser investigado com a urgência necessária", afirmou o senador.
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O episódio vem à tona no mesmo dia que a organização Terra de Direitos divulgou uma pesquisa que apontou que a violência política em campanhas cresceu 130% nas eleições deste ano em relação ao último pleito, de 2020.
Os dados apontam que foram 299 casos de violência política entre 1º de novembro de 2022 e 15 de agosto de 2024 — 145 casos somente este ano, com 14 assassinatos. No período pré-eleitoral de 2020 (entre janeiro e 26 de setembro), foram 63 casos de violência política, com 14 assassinatos.
"Em 2020, uma [pessoa era vítima de violência política] a cada 7 dias. Ao considerar o último pleito municipal de 2020, o ano de 2024 também se revela mais violento. O período pré-eleitoral (janeiro a 26 de setembro) de 2020 registrou 63 casos de violência política, entre eles 14 assassinatos, 15 atentados e 10 ameaças. Já entre janeiro e 15 de agosto deste ano ocorreram 14 assassinatos, 24 atentados e 67 ameaças, totalizando 105 ocorrências. Com isso, a variação de casos de violência política para estes tipos de violência (assassinato, atentado e ameaças) entre os dois pleitos municipais é de quase 170%, e considerando o conjunto das violências a variação foi de 130%", diz a pesquisa.
Segundo o levantamento, até o dia 15 de agosto foi registrado um caso de violência política no Brasil a cada um dia e meio. Nas eleições presidenciais de 2018, uma pessoa era vítima de violência política a cada 8 dias. Em 2020, uma a cada 7 dias.
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De acordo com o estudo, as ameaças são a forma mais recorrente de violência, com 153 casos mapeados, seguidas de atentados (41) e ofensas (38).
No recorte por regiões, o Sudeste aparece em primeiro, com 38,1% dos casos. Em segundo lugar ficou o Nordeste (29,8%), seguido do Centro-Oeste (15%). O estado de São Paulo teve o maior número registrado de casos, totalizando 53, seguido de Rio de Janeiro (32) e Bahia e Minas Gerais (ambos com 25 ocorrências).
As mulheres, mesmo sub-representadas em cargos eletivos, foram alvos de 46% das ocorrências de violência política no período analisado. As violências mais frequentes foram ameaças (73 ocorrências) e ofensas (34 casos). Também foram constatados 15 casos de ameaça de estupro a parlamentares mulheres.
Já no recorte racial, o estudo mostra que população branca responde por mais da metade (52%) dos casos de violência política no período observado. Os homens brancos foram alvos de 84 casos de violência (28%), e mulheres brancas foram vítimas 71 vezes (23,7%).
Em 23,7% dos casos de violência política foram os homens negros as vítimas (71 ocorrências). Mulheres negras cisgênero e transexuais foram alvos de 63 casos, 21% do total. "Considerando a baixa representação de mulheres negras em cargos eletivos, o alto número de ocorrências contra elas é visto com preocupação pelas organizações", pontua a Terra de Direitos.
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