"O Brasil é um dos países em que mais são assassinados lideranças de movimentos sociais, lideranças ambientais, indígenas, sem-terra, atingidos por barragens. Essas são pessoas que são cotidianamente assassinadas no Brasil. Não é um assassinato ligado diretamente à questão eleitoral, mas sem dúvida são assassinatos políticos também", comenta José Paulo Martins Junior, professor de ciência política da Universidade Federal Fluminense (UFF).
"As violações são em diversas camadas, desde a compra do voto e do tratamento bruto e grosseiro do voto, até as tentativas de golpes que contam com atuações no Judiciário, e ao mesmo tempo enfrentamentos diretos, até um índice de assassinatos e de tentativas de assassinato de candidaturas, como se deu, como se apresentou nesse último pleito", analisa.
E as redes sociais com isso?
"Essa é uma estratégia […] há um bom tempo, uma coisa que a direita brasileira acabou importando da direita norte-americana", cita.
Brasil segue os passos dos vizinhos latino-americanos no quesito violência?
"A estrutura do Estado da Venezuela não é de três Poderes, é de cinco Poderes ou mais, com a intenção de autonomizar bairros. Essa é a estratégia de organização administrativa venezuelana", exemplifica.
"Esse descrédito, essa desconfiança com relação à democracia, que sempre marcou os países da América Latina, é algo que volta com tudo, com força, uma vez que essa desconfiança com relação à democracia, ou esse esgarçamento dos valores democráticos, é algo que tem acontecido inclusive nos países que eram considerados democracias consolidadas", relata.
"Essas violências, que vão desde as tentativas de golpe a intervenções e prisões arbitrárias, são processos que interferem diretamente na nossa liberdade de decidir os nossos rumos", conclui.