Panorama internacional

Analista: demissão de Galant como ministro da Defesa de Israel é uma 'mensagem clara de fracasso'

A demissão de Yoav Galant do cargo de ministro da Defesa "é uma mensagem clara do fracasso de Israel" no Oriente Médio, disse o analista político Daniel Lobato à Sputnik. "Os reféns não foram libertados porque Israel não quis continuar as trocas [...] e o Hamas continua a realizar ações de resistência contra o exército ocupante."
Sputnik
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu demitiu Yoav Galant do cargo de ministro da Defesa e nomeou o então ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, em seu lugar, no dia 5 de novembro, mesmo dia em que os Estados Unidos, principal aliado do país hebreu, realizaram suas eleições presidenciais.
Nas palavras de Netanyahu, a sua decisão se baseou em "diferenças significativas" com Galant na forma de abordar as ações militares na Faixa de Gaza, bem como na perda de confiança mútua.
Em entrevista à Sputnik, o analista internacional Daniel Lobato considerou que a demissão de Galant é uma "mensagem clara de fracasso", uma vez que os objetivos que Netanyahu anunciou após o ataque surpresa do Hamas não foram alcançados apesar da devastação massiva do enclave, somado ao "cerco medieval de fome, sede e doenças" que Israel está impondo à população palestina.

"E depois há o outro objetivo que é fundamental, sobre a devastação e extermínio em Gaza. É o terceiro objetivo, nunca declarado abertamente por Netanyahu ou Galant, que é a expulsão ou extermínio direto dos dois milhões e meio de palestinos de Gaza [...]. E esse objetivo não declarado também não foi alcançado", acrescentou.

Para Lobato, à derrota israelense na Faixa de Gaza acrescenta-se "a derrota no Líbano e a derrota contra o Irã [...] apesar das promessas, também de Netanyahu, de restaurar a ordem e a normalidade nas colônias israelenses".
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Israel está em guerra não declarada com o movimento xiita Hezbollah desde 8 de outubro de 2023, quando a milícia libanesa começou a lançar mísseis e drones kamikaze contra comunidades no norte do país hebreu, em solidariedade ao movimento palestino Hamas após a sua incursão armada em Israel.
Desde então, dezenas de milhares de colonos israelenses foram deslocados para outras áreas do país, tal como dezenas de milhares de residentes libaneses, que foram forçados a se mudar para a Síria e outras regiões vizinhas.

Neste contexto, Lobato sublinhou que este objetivo também não foi alcançado "e não só esta normalidade não foi alcançada nas colônias vazias [...], mas a anunciada invasão do Líbano está sendo uma catástrofe em perdas de soldados, veículos militares, os israelenses avançaram apenas 500 metros em território libanês, a um custo muito elevado".

Embora, no que diz respeito ao Irã, o especialista considerou que Israel também falhou, "apesar dos ataques terroristas selvagens, destruindo um consulado [...], os assassinatos seletivos, por exemplo, de Ismail Haniya, o líder do Hamas, em Teerã" e outros.
Depois de retirar Galant da pasta da Defesa, Netanyahu nomeou em seu lugar o então ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, que no início de outubro declarou o secretário-geral da ONU, António Guterres, persona non grata, depois de o alto funcionário ter condenado a expansão do conflito no Oriente Médio.
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Nesse sentido, Lobato observou que o agora ministro da Defesa, Israel Katz, tem promovido "o genocídio completo, o extermínio completo em Gaza, dos dois milhões de palestinos" que vivem no enclave apesar da decisão da Corte Internacional de Justiça (CIJ) que instou Tel Aviv a adotar medidas para impedir o genocídio do povo palestino.

"Devemos compreender que os Estados Unidos estão em jogo não só com a colônia israelense na Palestina, uma fortaleza colonial de porta-aviões, mas também com todo um esquema de dominação", já que em torno da Palestina ocupada existe "um muro protetor" ao serviço daquela colônia israelense, afirma o especialista.

Lobato acredita que a fase do genocídio, tal como a perpetrada pela França e pelos Estados Unidos no Vietnã ou a de Paris na Argélia, é a última fase do fracasso da colonização.

"Estamos nesses mesmos momentos históricos, a fase do genocídio na Palestina é a fase do fracasso da colônia que durou 76 anos, como a da Argélia pela França, [que durou] 132 anos e como a do Vietnã pela França e os Estados Unidos, pois também durou várias décadas do século", concluiu.

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