"A Rússia sabe muito bem que, dada a complexidade técnica, os lançamentos só poderiam ter sido feitos com auxílio técnico ocidental da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte], especialmente dos EUA", avaliou o especialista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil Robinson Farinazzo.
Segundo o oficial, o movimento da gestão Joe Biden "cruza uma linha vermelha de Vladimir Putin".
Ricardo Cabral, editor do portal História Militar em Debate, afirmou que "o presidente Putin fez a declaração dentro do princípio do que ele considera proporcionalidade. Pois os ucranianos apoiados pela OTAN — não podemos esquecer disso — fizeram ataque com mísseis, ataque ao território russo. [...] Esses mísseis são de uma forma que é uma agressão sem precedentes para a Rússia".
Em pronunciamento em cadeia nacional, realizado nesta quinta-feira (21), o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que o conflito na Ucrânia adquiriu elementos de natureza global após ataques com uso de mísseis ocidentais nas regiões de Kursk e Bryansk.
O presidente russo, Vladimir Putin, confirmou nesta quinta-feira (21), em discurso em cadeia nacional, o uso do míssil balístico de modificação hipersônica sem ogiva nuclear Oreshnik em resposta aos ataques com mísseis ocidentais contra o território russo.
Quanto à declaração de Putin, o historiador pontua que "a Rússia tem sido sempre muito proporcional e muito comedida". "Acredito que os Estados Unidos, colocando novos armamentos com o governo de Kiev e atingindo profundamente o território russo, fornecendo novos meios para que possam atingir o território russo […] É uma escalada, isso muda completamente o caráter do conflito", continuou o historiador.
Putin afirmou, durante pronunciamento, que o teste com o mais novo míssil de médio alcance hipersônico foi bem-sucedido, e alertou que "em caso de escalada, a Rússia responderá de forma decisiva e proporcional".
Sobre o uso do míssil intercontinental por parte do governo russo, "é um grave alerta para a OTAN", alertou o especialista militar Farinazzo.
Permissão do Ocidente
Recentemente, o presidente dos EUA, Joe Biden, que está em suas últimas semanas de mandato, autorizou a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance dos EUA para atacar o território da Rússia longe da zona de conflito.
Em coletiva dada à margem da Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, o chanceler russo, Sergei Lavrov, afirmou que a medida é um sinal de que os EUA querem uma escalada no conflito.
"O fato de que ATACMS foram usados repetidamente […] na região de Bryansk é, claro, um sinal de que [os Estados Unidos] querem escalar. É impossível usar esses mísseis de alta tecnologia sem os norte-americanos", disse o chanceler.