"Existia dentro do governo Milei e da direita libertária argentina que está no poder uma grande autoconfiança de que toda a população estava com eles e que iriam varrer o peronismo do país, assim como os movimentos sociais e populares. Mas o que temos visto não é exatamente isso. Ficou bem claro que a população ainda se mobiliza e que está completamente insatisfeita, inclusive com governos anteriores. E esse movimento saiu de maneira orgânica, e não dentro da política tradicional, o que tem gerado desespero no governo Milei, que inclusive tem agido de forma completamente brutal, injusta e desmedida", pontua.
Quem era presidente da Argentina antes de Milei?
"O que temos hoje é uma comoção nacional com a violência contra os idosos, com as mesmas manifestações que ocorreram no passado. E eu acho que essa agressão vai continuar a aumentar, até porque a Patricia Bullrich [ministra da Segurança], que se dizia ser o lado equilibrado do governo Milei, decretou os manifestantes idosos como terroristas políticos, usando a estratégia de que as barras bravas [como são conhecidas as torcidas organizadas no país] são piqueteiros [termo no país que se refere às manifestações da classe trabalhadora] disfarçados de torcedores políticos, o que é uma grande mentira", conclui.
Quais as 5 maiores torcidas da Argentina?
"Ainda que estejamos vendo isso acontecer apenas agora, a adesão das torcidas organizadas se entrelaça com a história do futebol do país e o cenário político e social atual. Esses grupos possuem envolvimento direto em questões políticas e sociais do país desde a época da ditadura militar argentina, que foi de 1976 a 1983 […]. E os impactos das reformas de Javier Milei esbarram justamente nessas causas, já que são medidas de austeridade que afetam a vida da sociedade argentina, principalmente de classes mais baixas", argumenta.