https://noticiabrasil.net.br/20241025/russia-fora-israel-dentro-sancoes-seletivas-comprometem-credibilidade-de-orgaos-como-fifa-e-uefa-37083997.html
Rússia fora, Israel dentro: sanções seletivas comprometem credibilidade de órgãos como FIFA e UEFA?
Rússia fora, Israel dentro: sanções seletivas comprometem credibilidade de órgãos como FIFA e UEFA?
Sputnik Brasil
Enquanto a Rússia foi banida, ainda em 2022, de competições como as Eliminatórias da Copa do Mundo, além de torneios europeus como a Liga das Nações e a... 25.10.2024, Sputnik Brasil
2024-10-25T18:01-0300
2024-10-25T18:01-0300
2024-10-25T19:13-0300
panorama internacional
rússia
europa
oriente médio e áfrica
mundo
vladimir putin
israel
faixa de gaza
paris
uefa
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e8/0a/19/37084260_0:0:3072:1728_1920x0_80_0_0_32d6487d31096b660145a4d50ee52347.jpg
Dois pesos e duas medidas. De um lado, a Rússia, que foi banida rapidamente de competições por entidades como a União das Associações Europeias de Futebol (UEFA, na sigla em inglês) e a Federação Internacional de Futebol (FIFA) após o conflito na Ucrânia, há mais de dois anos. Do outro está Israel, que tem como fiadores os Estados Unidos e boa parte da União Europeia na guerra sangrenta que promove contra a Faixa de Gaza e, mais recentemente, o Líbano. Mesmo com as mais de 42 mil mortes só em Gaza, incluindo pelo menos 400 atletas palestinos, os israelenses seguem vivos em todas as competições internacionais. No próximo mês, inclusive, a seleção israelense enfrenta a França no Stade de France, nos arredores de Paris. A presença do público chegou a ficar em xeque, mas foi liberada após decisão do departamento de polícia.Em reação às sanções seletivas, o presidente russo, Vladimir Putin, defendeu no fórum "Rússia, uma potência esportiva" que o esporte deve ser isento de politização e discriminação com base na nacionalidade. Manter o futebol israelense em campo enquanto a Rússia é excluída mostra que o esporte internacional é mais uma arma de soft power do Ocidente? A professora de relações internacionais do Ibmec São Paulo Karina Calandrin explica à Sputnik Brasil que essas competições muitas vezes são usadas pelos países para melhorar a imagem internacional e também influenciar a opinião pública global.Já o mestre em ciências militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) Pedro Martins acrescenta à Sputnik Brasil que situações como essa não são novas. Segundo o especialista, o esporte sempre esteve envolvido de forma dúbia com a política, "seja para o bem, seja para o mal". Como exemplo, citou o caso das Olimpíadas de Berlim de 1936, usadas por Adolf Hitler como propaganda nazista, enquanto a ditadura brasileira conseguiu politizar a conquista do país na Copa de 1970.Apesar de a principal entidade mundial de futebol proibir "explicitamente a interferência governamental" nas federações nacionais do esporte, segundo o especialista há ingerência constante, principalmente da visão ocidental."Especificamente no caso da FIFA, sancionar um país não é uma medida nova. Outros países chegaram a ser sancionados pela FIFA no passado: em 1961 a África do Sul foi suspensa por causa do Apartheid. No entanto, é sempre de bom tom apontar também que mesmo esse histórico é controverso, porque a mesma FIFA que suspendeu a África do Sul por causa do Apartheid realizou a Copa de 1978 na Argentina em meio a uma sangrenta ditadura", argumenta.Outro exemplo dado pelo analista é a punição pela UEFA em 2016 do clube escocês Celtic, quando membros de uma das suas torcidas organizadas "empunharam bandeiras e cartazes em apoio aos palestinos em uma partida contra um time israelense".Por que Israel disputa competições europeias?Entre 1954 e 1974, a Associação de Futebol de Israel era filiada à Confederação Asiática de Futebol (AFC, na sigla em inglês) e, com isso, disputava as competições da Ásia. Mas, com a pressão de países muçulmanos e árabes, foi expulsa e ficou mais de 20 anos sem qualquer filiação. Só em 1994 foi incorporada à UEFA e, por conta disso, inserida nos torneios europeus desde então. E mesmo com a atual guerra, o país segue sem sofrer qualquer tipo de sanção.Para a professora Karina Calandrin, a participação contínua israelense no momento atual "ajuda a projetar uma imagem de integração e normalidade, o que pode suavizar percepções negativas relacionadas aos conflitos na Faixa de Gaza.'Não há dúvidas sobre a seletividade'Fundada em Paris em 1904 e atualmente com sede em Zurique, na Suíça, a FIFA possui 208 países ou territórios associados, número maior que o da própria Organização das Nações Unidas (ONU), o que mostra o tamanho da sua influência global no mundo dos esportes. Mesmo diante de tamanha responsabilidade, o professor de relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Goulart Menezes afirma que "não há dúvidas da seletividade das medidas aplicadas pela entidade e seus congêneres".O professor de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo Demetrius Pereira enfatiza que entidades como FIFA e UEFA não são compostas pelos países, mas as suas respectivas associações esportivas — diferentemente de entes como ONU, União Europeia e BRICS. Mesmo assim, elas não são imunes às vontades políticas dos governos no mundo esportivo, como deveria ser.
https://noticiabrasil.net.br/20240723/instrumento-da-hegemonia-ocidental-olimpiadas-sao-cada-vez-mais-usadas-como-arma-politica-35715892.html
https://noticiabrasil.net.br/20240506/israel-podera-participar-da-copa-america-de-2024-nos-eua-uma-manobra-politica-por-meio-do-futebol-34452098.html
https://noticiabrasil.net.br/20220228/fifa-e-uefa-suspendem-selecoes-da-russia-de-todos-os-torneios-21627947.html
israel
faixa de gaza
paris
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
2024
notícias
br_BR
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e8/0a/19/37084260_45:0:2776:2048_1920x0_80_0_0_dba8cf762421e6d1fa56f4d27cfcdfb5.jpgSputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
rússia, europa, oriente médio e áfrica, mundo, vladimir putin, israel, faixa de gaza, paris, uefa, fifa, stade de france, copa do mundo, futebol, soft power, exclusiva, eurocopa, olimpíadas, coi, comitê olímpico internacional
rússia, europa, oriente médio e áfrica, mundo, vladimir putin, israel, faixa de gaza, paris, uefa, fifa, stade de france, copa do mundo, futebol, soft power, exclusiva, eurocopa, olimpíadas, coi, comitê olímpico internacional
Rússia fora, Israel dentro: sanções seletivas comprometem credibilidade de órgãos como FIFA e UEFA?
18:01 25.10.2024 (atualizado: 19:13 25.10.2024) Especiais
Enquanto a Rússia foi banida, ainda em 2022, de competições como as Eliminatórias da Copa do Mundo, além de torneios europeus como a Liga das Nações e a Eurocopa, o mesmo não ocorreu com Israel, responsável pela guerra que assola o Oriente Médio há mais de um ano. Aplicar sanções de forma seletiva pode comprometer a credibilidade do esporte?
Dois pesos e duas medidas. De um lado, a Rússia, que foi banida rapidamente de competições por entidades como a União das Associações Europeias de Futebol (UEFA, na sigla em inglês) e a Federação Internacional de Futebol (FIFA) após o conflito na Ucrânia, há mais de dois anos. Do outro está Israel, que tem como fiadores os Estados Unidos e
boa parte da União Europeia na guerra sangrenta que promove contra a Faixa de Gaza e, mais recentemente, o Líbano. Mesmo com as mais de 42 mil mortes só em Gaza,
incluindo pelo menos 400 atletas palestinos, os israelenses seguem vivos em todas as competições internacionais. No próximo mês, inclusive, a seleção israelense enfrenta a França no Stade de France, nos arredores de Paris. A presença do público chegou a ficar em xeque, mas foi liberada após decisão do departamento de polícia.
Em reação às sanções seletivas, o
presidente russo, Vladimir Putin, defendeu no fórum "Rússia, uma potência esportiva" que o esporte deve ser isento de politização e discriminação com base na nacionalidade. Manter o futebol israelense em campo enquanto a Rússia é excluída mostra que o esporte internacional é mais uma arma de soft power do Ocidente?
A professora de relações internacionais do Ibmec São Paulo Karina Calandrin explica à Sputnik Brasil que essas competições muitas vezes são usadas pelos países para melhorar a imagem internacional e também influenciar a opinião pública global.
"No caso de Israel, sua participação ativa em eventos esportivos internacionais e em ligas europeias ajuda a promover uma imagem de normalidade e integração com a comunidade internacional. Isso pode desviar a atenção dos conflitos regionais e apresentar o país sob uma luz mais positiva. Por outro lado, a Rússia tem enfrentado sanções e exclusões em eventos esportivos devido às tensões políticas. Essa dualidade reflete como o esporte pode ser usado para reforçar narrativas positivas para alguns países, enquanto marginaliza outros, de acordo com interesses geopolíticos do Ocidente", enfatiza.
Já o mestre em ciências militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) Pedro Martins acrescenta à Sputnik Brasil que situações como essa não são novas. Segundo o especialista, o esporte
sempre esteve envolvido de forma dúbia com a política, "seja para o bem, seja para o mal". Como exemplo, citou o caso das Olimpíadas de Berlim de 1936, usadas por Adolf Hitler como propaganda nazista,
enquanto a ditadura brasileira conseguiu politizar a conquista do país na Copa de 1970.
"A FIFA e, mais ainda, o COI [Comitê Olímpico Internacional] sempre tentaram separar os esportes da política com base na ideia de que deve ser um elemento de união entre os povos. Mas, frequentemente, a política acaba impedindo isso. Naturalmente, todos os países que recebem uma Copa do Mundo ou Jogos Olímpicos querem usar esses eventos para melhorar (ou até mesmo renovar ou limpar) a imagem do seu país perante a comunidade internacional. Israel e Rússia são apenas os mais recentes episódios desse uso", afirma.
Apesar de a principal entidade mundial de futebol proibir "explicitamente a interferência governamental" nas federações nacionais do esporte, segundo o especialista há ingerência constante, principalmente da visão ocidental.
"Especificamente no caso da FIFA, sancionar um país não é uma medida nova. Outros países chegaram a ser sancionados pela FIFA no passado: em 1961 a África do Sul foi suspensa por causa do Apartheid. No entanto, é sempre de bom tom apontar também que mesmo esse histórico é controverso, porque a mesma FIFA que suspendeu a África do Sul por causa do Apartheid realizou a Copa de 1978 na Argentina em meio a uma sangrenta ditadura", argumenta.
Outro exemplo dado pelo analista é a
punição pela UEFA em 2016 do clube escocês Celtic, quando membros de uma das suas torcidas organizadas "empunharam bandeiras e cartazes em apoio aos palestinos em uma partida contra um time israelense".
Por que Israel disputa competições europeias?
Entre 1954 e 1974, a Associação de Futebol de Israel era filiada à Confederação Asiática de Futebol (AFC, na sigla em inglês) e, com isso,
disputava as competições da Ásia. Mas, com a pressão de países muçulmanos e árabes, foi expulsa e
ficou mais de 20 anos sem qualquer filiação. Só em 1994 foi incorporada à UEFA e, por conta disso, inserida nos torneios europeus desde então. E mesmo com a atual guerra, o país segue sem sofrer qualquer tipo de sanção.
Para a professora Karina Calandrin, a participação contínua israelense no momento atual "ajuda a projetar uma imagem de integração e normalidade, o que pode suavizar percepções negativas relacionadas aos
conflitos na Faixa de Gaza.
"A aplicação seletiva de sanções pode dar a impressão de parcialidade e comprometimento político por parte de organizações esportivas, como a FIFA e a UEFA. Quando essas entidades agem de forma inconsistente em situações similares, elas correm o risco de serem vistas como instrumentos de agendas políticas específicas, em vez de árbitros neutros do esporte. Isso pode minar sua credibilidade e autoridade, afetando a confiança de atletas, países-membros e fãs. A percepção de injustiça ou duplo padrão na aplicação de sanções pode gerar divisões e prejudicar os princípios de fair play e unidade que o esporte internacional busca promover", resume.
28 de fevereiro 2022, 14:43
'Não há dúvidas sobre a seletividade'
Fundada em Paris em 1904 e atualmente com sede em Zurique, na Suíça, a FIFA possui 208 países ou territórios associados, número maior que o da própria
Organização das Nações Unidas (ONU), o que mostra o tamanho da sua influência global no mundo dos esportes. Mesmo diante de tamanha responsabilidade, o professor de relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Goulart Menezes afirma que "não há dúvidas da seletividade das medidas aplicadas pela entidade e seus congêneres".
"A própria FIFA não é um exemplo de instituição que goza de grande e boa reputação no mundo. São inúmeros os casos que envolvem a entidade em denúncias de que não há sempre o jogo limpo [fair play]. Vale lembrar que bilionários russos, até o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, eram proprietários de grandes clubes de futebol na Inglaterra. E as sanções afetaram as finanças desses times."
O professor de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo Demetrius Pereira enfatiza que entidades como FIFA e UEFA não são compostas pelos países, mas as suas respectivas associações esportivas — diferentemente de entes como ONU, União Europeia e BRICS. Mesmo assim, elas não são imunes às vontades políticas dos governos no mundo esportivo, como deveria ser.
"Então quem acaba tomando essas decisões são as associações, não os governos dos países. Agora, a questão de algumas delas se posicionarem às vezes contra a Rússia é uma questão da entidade, não necessariamente do governo, o que acaba prejudicando os próprios esportistas do país. E é claro que elas querem atingir a imagem dessa nação em específico."
Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!
Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a conteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.
Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).