EUA pretendem 'estrangular a economia venezuelana' ante pressão sobre Caracas, afirma especialista

O alerta do presidente surge em meio à pressão máxima do presidente dos EUA, Donald Trump, que declarou dias atrás que o espaço aéreo venezuelano estava "completamente fechado", levando ao cancelamento de dezenas de voos internacionais e deixando milhares de pessoas retidas em aeroportos ao redor do mundo.

O analista político venezuelano Emilio Hernández disse à Sputnik que o anúncio de Washington pode ser o início de uma estratégia de bloqueio aéreo e marítimo com o objetivo de estrangular a recuperação econômica nacional e que faz parte de uma escalada previsível da pressão dos EUA.

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'Próximo passo na escalada agressiva'

O especialista detalhou a evolução do que define como uma agressão multifacetada. "De fato. Não apenas um bloqueio aéreo, mas também um bloqueio marítimo. Ou seja, o bloqueio aéreo e marítimo, o bloqueio físico, é como um próximo passo na escalada agressiva dos Estados Unidos contra a Venezuela", afirmou.

Segundo sua perspectiva, essa fase segue uma sequência lógica após outras medidas coercitivas: "Primeiro houve todo o bloqueio financeiro [...], sem acesso ao sistema SWIFT para efetuar pagamentos etc. E todo o roubo de ativos venezuelanos em várias partes do mundo."

Hernández também menciona o bloqueio contra a Petróleos de Venezuela (PDVSA), com o objetivo de cortar a principal fonte de divisas do país. No entanto, o analista acredita que essas medidas terão pouca eficácia, dada a diversificação das exportações não petrolíferas que a nação sul-americana tem buscado promover.

"Dada a diversificação das exportações, é impossível ameaçar todos os potenciais compradores da ampla gama de produtos que a Venezuela exporta. Portanto, o passo lógico para os Estados Unidos é um bloqueio naval e aéreo", explicou.

O objetivo, em sua opinião, é claro: "Estrangular a economia venezuelana." No entanto, ele acredita que a oportunidade de alcançar um impacto devastador pode ter passado.

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"Essas medidas não têm o mesmo efeito agora que poderiam ter tido há cinco ou dez anos", argumenta, citando o desenvolvimento de uma base de produção nacional, o abastecimento alimentar nacional superior a 95% e a existência de parceiros estratégicos.

"Há países que não estão atendendo ao apelo dos Estados Unidos por um bloqueio aéreo e naval [...]. Possivelmente haverá carregamentos, chineses, russos [...]. Não acho que os EUA estejam dispostos a confrontar a China ou a Rússia abatendo um avião de carga", observou.

Quanto à sustentabilidade a longo prazo de um potencial bloqueio físico, Hernández se mostra cético quanto ao seu sucesso a longo prazo. "Não acho que seja sustentável no sentido de que a Venezuela consiga encontrar uma saída", afirmou, sugerindo cenários alternativos, como o uso de rotas terrestres para países vizinhos para reexportação. "O que os Estados Unidos farão? Bloquearão o espaço aéreo ou imporão novas sanções à Colômbia e ao Brasil?"

A estratégia de Washington, sugere ele, é um colapso rápido. "Eles estão tentando obter um efeito imediato, uma rendição praticamente incondicional do chavismo e de Maduro em poucos meses, mas [...] é claro que isso vai fracassar. Nós, venezuelanos, já estamos acostumados; já fomos treinados em 2016-2017 para suportar dificuldades e encontrar maneiras de superar qualquer obstáculo."

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O precedente líbio: um roteiro repetido?

Em relação ao precedente líbio, onde uma zona de exclusão aérea precedeu os bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em 2011, Hernández traça uma linha divisória fundamental: a ausência de uma força armada interposta dentro da Venezuela.

"Não acho que isso possa se repetir na Venezuela, por um motivo principal: os Estados Unidos não têm o apoio em campo de um movimento armado ou de um exército, nem mesmo paramilitar", disse ele.

O analista examinou as tentativas fracassadas da oposição venezuelana de criar ou cooptar elementos armados: desde a tentativa de dividir as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) até a negociação com paramilitares colombianos ou, em suas palavras, "tentativas de contratar grupos criminosos".

Esses esforços, longe de frutificar, tiveram uma consequência paradoxal: fortalecer a ação do Estado contra o crime organizado. "A consequência foi favorável para os venezuelanos, porque reduzimos a taxa de homicídios para menos de dois por 100 mil habitantes [...], quando era uma taxa média no contexto latino-americano."

Hernández conclui que "os Estados Unidos não têm um grupo, uma força armada em campo, como tinham na Síria e na Líbia. [...] a oposição venezuelana não se constituiu como uma força armada em campo. Pelo contrário, houve uma grande emigração de membros da oposição. Portanto, não creio que o mesmo formato de agressão que foi realizado na Líbia possa ser repetido".

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