Seu oponente, Sasa Jankovic, alegou irregularidades de votação que resultaram em 319 mil votos que não foram contabilizados. O presidente Vucic respondeu à alegação pedindo recontagem aos membros do Partido Progressista Sérvio [SNS] da comissão eleitoral.
Bosko Obradovic, líder do partido de oposição de direita Dveri, que ficou em sexto nas eleições presidenciais com 2,29% dos votos, diz que muitos dos sérvios estão descontentes com a direção pró-ocidental do país.
"Ele [Vucic] disse publicamente que seu chefe é o diretor do Banco Mundial e que nem um único dinar do orçamento do país pode ser gasto sem a permissão do Fundo Monetário Internacional", disse Obradovic ao colunista da RIA Novosti, Igor Pshenichnikov.
De acordo com uma pesquisa de opinião de março da revista New Serious Political Thought [NSPM], 47,7% dos entrevistados responderam sim à pergunta: "Você apoia a entrada na UE", enquanto 39% disseram que não e 13,3% dos entrevistados disseram que não tinham certeza.
A Sérvia é tradicionalmente pró-russa, e a maioria dos sérvios permanece a favor de laços mais estreitos com a Rússia. Uma pesquisa de 2015 revelou que 68,2% dos sérvios eram favoráveis a uma aliança com a Rússia. Os entrevistados também expressaram mais apoio para uma união política e econômica com a Rússia do que com a UE: 35,7% disseram que escolheriam a Rússia, enquanto apenas 21,1% escolheram a UE.
A importância dos laços entre a Rússia e a Sérvia é demonstrada pelo fato de Vucic ter organizado uma visita a Moscou apenas uma semana antes das eleições e realizou uma reunião com Vladimir Putin.
"Tratar a legislação da Sérvia de acordo com as normas da UE não é, de fato, um problema tão grande, embora exija trabalho. O principal problema e condição para a adesão da Sérvia à UE é o reconhecimento oficial por Belgrado da independência do Kosovo. Vucic está lentamente caminhando rumo esse momento terrível para todos os sérvios — devagar, mas com certeza", escreve Pshenichnikov.
"Sob a égide da União Europeia, os representantes oficiais sérvios e Vucic pessoalmente realizaram mais de uma reunião com albaneses do Kosovo. Formalmente, o motivo dessas reuniões foram questões humanitárias. No entanto, é evidente que a União Europeia está realizando a tarefa de acostumar o público sérvio com a ideia de diálogo com os albaneses do Kosovo".
O Kosovo realizará eleições parlamentares no próximo dia 11 de junho e o favorito da disputa para o cargo de Primeiro-Ministro é o ex-líder do Exército de Libertação do Kosovo, Ramush Haradinaj, que lidera a Aliança da oposição para o futuro do Kosovo (AAK).
Em abril, a Sérvia tentou, sem sucesso, extraditar Haradinaj da França por crimes de guerra. Os procuradores da Sérvia alegam que ele é responsável por vários assassinatos e estupros de sérvios étnicos no Kosovo em junho de 1999. Haradinaj já foi julgado e destituído pelo Tribunal de Haia por supostos crimes de guerra cometidos em 1998.
A Sérvia pode se ver forçada a "excluir o Kosovo da Constituição" ou ver "um terço da terra sérvia adicionada ao nosso mapa", disse Haradinaj.
Antes da reunião com Mogherini, Vucic disse que a vitória iminente de Haradinaj está preparada para abrir uma série de problemas.
"Isso levanta problemas de segurança, abre problemas que eu não tenho que falar. Precisamos entender o quão importante é que nos envolvamos em uma política inteligente, séria e responsável. Isso é possível se aumentarmos nosso crescimento… Temos que ser economicamente mais fortes e politicamente mais poderosos para poder garantir nossa segurança", disse Vucic à Serbian Radio Television.
"Publicamente Vucic declara que a Sérvia escolheu neutralidade militar […] Na realidade, a Sérvia não possui qualquer tipo de neutralidade militar", escreve Pshenichnikov.
"Muitos comentaristas pensam que a fórmula da neutralidade militar tinha como objetivo impedir a criação de uma aliança militar efetiva com a Rússia, da qual a maioria dos sérvios é a favor".
De acordo com uma pesquisa realizada em março pelo Instituto Sérvio de Assuntos Europeus, apenas 11% dos sérvios são favoráveis à adesão à OTAN, enquanto 84% se opõem. Um quinto dos entrevistados nomeou então o primeiro-ministro Vucic como o político mais a favor da adesão à OTAN.