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Analista: cessar-fogo para Israel é uma ilusão, Netanyahu faz de 'tudo para sabotar as negociações'

© AP Photo / Eyad BabaMulher palestina senta em escombros após ataque aéreo israelense no campo de refugiados de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 18 de novembro de 2012
Mulher palestina senta em escombros após ataque aéreo israelense no campo de refugiados de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 18 de novembro de 2012 - Sputnik Brasil, 1920, 16.07.2024
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Em um artigo publicado no domingo (14), o veterano correspondente de guerra no Oriente Médio, Elijah Magnier, comentou a reaparição pública do premiê israelense Benjamin Netanyahu que reafirmou os esforços de guerra de Tel Aviv contra o Hamas.
Na segunda-feira (15), o correspondente Elijah Magnier conversou com a Sputnik para expor suas percepções sobre a guerra entre Israel e o Hamas, que provavelmente atingirá o seu aniversário de 1 ano em outubro. O número de mortos na Faixa de Gaza já passa de 38.000, com o número de feridos bem acima de 88.000, segundo o Ministério da Saúde do enclave.
"Netanyahu está fazendo de tudo para sabotar a negociação [de cessar-fogo]. Ele prometeu ao presidente [dos EUA], Joe Biden, que lhe enviaria todos os detalhes dos pontos que gostaria de alcançar e depois criticou esses pontos, dizendo: 'Bem, o que Biden disse é impreciso'", explicou Magnier.
"Em primeiro lugar, [Netanyahu] não delega qualquer poder à autoridade de tomada de decisão, como o chefe do Mossad, o chefe da ISA [Agência de Segurança de Israel] quando vão negociar em Doha ou no Cairo", acrescentou. "Em segundo lugar, quando regressam com uma proposta razoável do Hamas, com a qual o Hamas concordou mais de uma vez, então Netanyahu surge com novas ideias e explode tudo."
O correspondente lembrou ainda que Netanyahu "está dizendo que a guerra nunca terminará até que ele mate todos os membros do Hamas, desde o líder máximo até o simples militante. Mais uma vez, isso é uma violação de qualquer proposta apresentada ao Hamas ou mesmo ao presidente [Joe] Biden, que disse que essa é uma proposta israelense. E Netanyahu está contradizendo isso porque se ele quer continuar matando, significa que não quer o cessar-fogo", ponderou.
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI), contra-almirante Daniel Hagari, admitiu abertamente no final de junho que o Hamas não pode "desaparecer", e a ideia de que é "possível destruir o Hamas" é como "jogar areia nos olhos do público". O gabinete do primeiro-ministro israelense corrigiu então as observações do porta-voz com uma resposta contundente, dizendo que as FDI ainda estão comprometidas com os seus objetivos de guerra de destruir o Hamas.
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"Portanto, [Benjamin] Netanyahu quer continuar a luta indefinidamente. Ele cria condições inatingíveis e uma nova realidade no terreno para sabotar a discussão com o Hamas, esperando que o Hamas diga que rejeita a proposta, mas o Hamas não faz isso desde maio", disse Magnier. "O que ele quer é que o Hamas saia, levante a bandeira branca e troque Gaza por outro país. Isso não vai acontecer porque não é assim que as negociações acontecem."
Quando provocado sobre se a posição de Tel Aviv ter se tornado mais crítica em relação à gestão Biden, muito em função de uma possível vitória de Donald Trump na corrida presidencial, Magnier afirmou que "Netanyahu sabe que Biden tem poucas chances de vencer esta eleição em sua mentalidade, ou pelo menos em seu pensamento positivo, ele quer que Trump ganhe porque acredita que Trump lhe dará carta branca para fazer o que quiser".
"Não que Biden esteja retendo bombas de Netanyahu, porque ele entregou mais de 57.000 bombas a Israel e, se tudo der certo, [mais] 3.500, das quais 3.000 ele entregou depois de alguns meses", acrescentou. "Mas Israel está em um lugar onde tem a sua própria indústria, uma indústria de armamento que fabrica bombas. Então, no final das contas, sim, Israel está usando um poder de fogo desproporcional e é por isso que precisa de muitas bombas para lançar sobre Gaza."
"No final das contas, cada presidente dos EUA está superando seu antecessor no que diz respeito ao quanto apoiará Israel. [O ex-presidente] Barack Obama destinou US$ 3,5 bilhões [cerca de R$ 19,07 bilhões] anuais para os israelenses e Biden os cumpriu e no início da guerra ele arrecadou US$ 17,5 bilhões [mais de R$ 95,3 bilhões] adicionais aos US$ 3,5 [bilhões] e aumentou também com o reabastecimento do interceptador de mísseis Cúpula de Ferro", acrescentou.
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"Então ele [Joe Biden] tem sido extremamente generoso. O comportamento de Netanyahu é apenas uma intervenção nas eleições dos EUA porque ele quer carta branca e quer um presidente dos EUA que lhe diga exatamente o que Trump disse – acabe com eles", lembrou Magnier.

No domingo, foi noticiado que os EUA lançaram "várias rodadas de ataques" ao Iêmen nos últimos dias em sua guerra contra os houthis no mar Vermelho. A matéria acrescenta que desde que os EUA e o Reino Unido começaram os seus bombardeios no Iêmen em janeiro, os houthis intensificaram os seus ataques à navegação associada a Israel e a outras embarcações comerciais. Os houthis afirmam que vão parar os seus ataques se houver um cessar-fogo em Gaza.
"O Líbano iniciou essa guerra com Israel, tal como o Iêmen, para apoiar o povo de Gaza a partir de uma abordagem humanitária, porque os palestinos em Gaza são deixados sozinhos. A comunidade internacional se queixa do que Israel está fazendo, do ataque desproporcional, da morte de tantos civis", disse o correspondente.
"O porta-voz dos EUA na Casa Branca e no Departamento de Estado disse que há muitos civis mortos, mas ninguém está efetivamente fazendo nada", acrescentou. "Nada até agora conseguiu deter os israelenses e fazer com que Netanyahu mudasse de ideias sobre o seu objetivo de destruir Gaza, destruir a infraestrutura, destruir todas as instituições da UE/ONU, matar jornalistas — matar civis, principalmente."
Ainda de acordo com a análise de Elijah Magnier, Tel Aviv "ainda enfrenta uma reação muito dura da resistência em Gaza e não está conseguindo derrotá-los. Então o que ele está fazendo é ir [atrás] de civis e é por isso que a frente do Líbano está apoiando os civis de Gaza e vai parar imediatamente no dia em que Netanyahu acabar com isso", concluiu.
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