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Trump e sua política externa: 'Está claro que a China está na mira', diz especialista

© Foto / Portal web de Donald TrumpO presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump - Sputnik Brasil, 1920, 23.01.2025
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Depois de assumir o cargo de presidente dos EUA, Donald Trump assinou diversas ordens executivas que estabeleceram as bases de seu governo no exterior. Especialistas consultados pela Sputnik acreditam que as relações com a Europa e a China serão marcadas pelo estilo de negociação, com retórica que pode variar da conciliação à pressão.
O presidente Donald Trump assinou uma série de decretos executivos poucas horas depois de assumir o cargo, delineando algumas das metas de seu governo no país e no exterior. Por exemplo, os EUA foram forçados a se retirar da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Acordo de Paris.
Isso se soma às repetidas ameaças tarifárias que o novo presidente dos EUA mantém mesmo após a assumir o cargo, que são direcionadas à China, à Europa e aos parceiros no continente americano.

A Europa como instrumento?

Em entrevista à Sputnik, Mauricio Alonso Estévez, doutor em Ciências Sociais e mestre em Relações Internacionais pela UAM, afirmou que o segundo mandato de Trump buscará desenvolver o relacionamento dos EUA com os países europeus, priorizando seus interesses.

"Vejo esse novo mandato de Trump na sua relação com a Europa como uma espécie de instrumento para atingir os fins dos Estados Unidos, seja através do reforço interno, através do confronto com a China ou em outros espaços como o conflito em Gaza", comentou o especialista.

O analista disse que o republicano poderia usar a parceria que tem com os europeus por meio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para pressionar a China. Ele disse que a organização estabeleceu que Pequim representa um dos principais riscos como parte de seus critérios de segurança. "Está claro que a China está na mira", disse ele.
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No caso do conflito no enclave palestino, o especialista destacou que Trump reivindicou o acordo de cessar-fogo, deixando completamente de lado o governo Biden, e disse ainda que a relação de seu governo com Tel Aviv continuará sendo relevante para atingir seus objetivos estratégicos e interesses no Oriente Médio.

Uma relação complexa

Julio Peña Vega, chefe do programa de pós-graduação em Ciências Políticas da FES Acatlán da UNAM, disse à Sputnik que, em relação à possível relação que o governo Trump terá com Pequim, o republicano poderia lidar com isso com certo pragmatismo, no sentido de que não estar completamente apegado a ideologias ou a uma determinada maneira de conduzir a política externa.
Ele enfatizou que, apesar da retórica acusando o país asiático de introduzir produtos chineses através do México e do Canadá — bem como a produção de fentanil — a relação entre Washington e Pequim é de "interdependência econômica muito complexa".

"As decisões que os Estados Unidos tomam, como a questão de impor tarifas, afetar certos produtos de origem chinesa ou reduzir essas importações, terão fortes consequências para Washington. Não é uma relação simples", comentou.

O especialista destacou a ligação entre Trump e Xi Jinping, na qual foram discutidas relações bilaterais e até uma possível visita a Pequim. Ele comentou que isso destacou a negociação do republicano com um país que não é fraco, que representa preocupação para ele e uma nação que é economicamente muito competitiva.

"Mais tarde, um pouco dessa retórica pode mudar de novo, vai ser muito direta, talvez agora não tenha caído nessa parte de confronto, por causa da chamada, por outras razões [...]. Porque esse assunto nos Estados Unidos, não só Trump, mas vários setores, vários políticos, têm insistido na China", explicou o analista.

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O especialista estimou que o relacionamento com Pequim poderia "se concentrar fortemente" em componentes eletrônicos, chips e microchips, e smartphones, onde "os Estados Unidos vêm perdendo terreno". Além de setores como baterias e indústria eletrônica.

Devolver o lugar aos EUA?

O acadêmico destacou que o presidente Donald Trump tem se pronunciado retoricamente a favor de "repor os Estados Unidos no seu lugar" em matéria econômica, política e militar, no entanto, considerou que o país norte-americano tem vindo a perder a sua hegemonia, o que está afetando a sociedade em questões como emprego, inflação e expansão de grandes indústrias.

"É um fato que vem perdendo seu lugar no sistema internacional em relação a outros países, de uma forma ou de outra, os Estados Unidos ainda são uma potência, mas não são o que eram depois da queda do Muro de Berlim, esse período até o ataque às Torres Gêmeas", disse ele.

Peña Vega enfatizou que atualmente existem vários polos de poder no sistema internacional que se contrapõem aos Estados Unidos e não apenas um, como ocorreu durante a Guerra Fria. Sobre a América Latina, o especialista destacou que há governos que têm afinidade e proximidade política com Trump, como os governos de Javier Milei e Daniel Noboa.
Ele considerou que isso é um reflexo do que está acontecendo mundialmente com os movimentos conservadores e nacionalistas, como parte da nova dinâmica do sistema internacional.
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